Perspectivas VozesA geogastronomia Jorge Rodrigues Simão - 27 Dez 2024 “I can say with 100% honesty that Portuguese food is one of the best in the world. If you add the quality of the wine everywhere and the absolutely amazing sweets and pastries, I would argue that a trip to Portugal has few rivals where the food experience is concerned.” Christian Dechery Geograstronomia é uma exploração do lugar através da comida. A geograstronomia é um campo interdisciplinar que examina a relação entre a geografia e a gastronomia. Embora o termo geograstronomia seja relativamente novo e pouco utilizado, as origens da relação entre a alimentação e a geografia remontam às civilizações antigas. Ao longo da história, as sociedades criaram as suas identidades através dos alimentos que produzem e consomem. As regiões desenvolveram tradições culinárias únicas com base nos recursos locais, nas condições climatéricas e nas influências culturais. As práticas agrícolas da antiga Mesopotâmia, as dietas mediterrânicas e as cozinhas asiáticas reflectem a forma como a geografia afecta directamente a gastronomia. O conceito de “terroir” na produção de vinho capta esta ideia de forma sucinta. O “terroir” refere-se aos factores ambientais que influenciam as características do vinho, incluindo o tipo de solo, o clima e as castas locais. Este princípio reconhece que os alimentos não são apenas produtos agrícolas, mas também um produto do seu ambiente. Ao longo do tempo, os padrões de produção alimentar continuaram a reflectir distinções geográficas. Com a evolução dos transportes e da tecnologia, estas distinções começaram a esbater-se, levando à globalização dos alimentos. A geograstronomia oferece informações valiosas sobre a identidade cultural e a sustentabilidade económica. A alimentação desempenha um papel integral na formação das identidades culturais, servindo de meio para tradições e práticas que são transmitidas através das gerações. Por exemplo, as heranças culinárias dos povos indígenas na América do Norte ilustram a forma como a paisagem informa a soberania alimentar e as práticas culturais. A sua dependência de ingredientes locais não só sustenta as suas dietas, como também as liga às suas narrativas históricas. Além disso, a geograstronomia tem-se tornado cada vez mais relevante nas discussões sobre a sustentabilidade económica. Os sistemas alimentares são essenciais para a resiliência das comunidades, e a compreensão do contexto geográfico da produção alimentar contribui para fazer escolhas acertadas que apoiem as economias locais. O movimento “da quinta para a mesa” ganhou força, salientando a importância de consumir alimentos de origem local. Esta abordagem não só reduz as pegadas de carbono associadas ao transporte de alimentos, como também reforça as ligações entre os consumidores e os produtores de alimentos. Muitas pessoas tiveram um impacto significativo no domínio da geograstronomia, moldando a nossa compreensão das ligações entre a geografia e a alimentação. A chef Alice Waters é uma figura proeminente associada ao movimento “da quinta para a mesa”. A filosofia de Waters enfatiza a utilização de ingredientes locais e sazonais, mostrando os sabores da Califórnia. O seu restaurante, “Chez Panisse”, tornou-se um ponto de referência para quem procura alimentos de alta qualidade e de origem local e inspirou uma geração de chefes a explorar práticas culinárias regionais. Outra figura significativa é Michael Pollan, um autor e activista alimentar conhecido pelas suas obras como “The Omnivore’s Dilemma”. Pollan liga os pontos entre a produção alimentar, a sustentabilidade ambiental e a saúde. Defende uma compreensão mais profunda das origens dos nossos alimentos e da sua ligação à terra. A perspectiva de Pollan tem incentivado debates em torno da agricultura ética e do consumo responsável. No domínio da geografia, a Dra. Doreen Massey oferece uma visão das relações e ligações espaciais que também se aplicam à geograstronomia. O seu trabalho sublinha a importância de compreender como os lugares interagem e se influenciam mutuamente. Ao considerar os contextos socioeconómicos da produção alimentar, os investigadores e os profissionais podem abordar melhor, questões como a insegurança alimentar e o acesso a produtos frescos. As perspectivas contemporâneas sobre a geograstronomia destacam a importância do conhecimento local e das práticas tradicionais na produção de alimentos. Nos últimos anos, tem-se registado uma crescente valorização dos sistemas alimentares indígenas. Estes sistemas dão frequentemente ênfase à biodiversidade e à sustentabilidade dos ecossistemas. O renascimento das culturas de herança e das técnicas tradicionais de conservação ilustra uma mudança no sentido de valorizar os conhecimentos desenvolvidos ao longo dos séculos. A geograstronomia também se cruza com a ciência da alimentação e da nutrição, realçando a importância das dietas regionais. Por exemplo, a dieta mediterrânica é reconhecida não só pelos seus benefícios para a saúde, mas também pela forma como reflecte a geografia e a cultura da região mediterrânica. Esta dieta é rica em frutas, legumes, cereais integrais e gorduras saudáveis, realçando as práticas agrícolas locais e promovendo um sentido de comunidade. A minha passagem como Assessor Jurídico do Turismo de Macau onde preparei diversos diplomas legais que foram desde a reestruturação da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) até ao diploma que aprovou o regulamento do novo regime da actividade hoteleira e similar, entre outros diplomas legais, bem como a criação da estrutura legal da Escola Superior de Turismo no âmbito da Comissão Instaladora da Escola Superior de Turismo (CIEST) da qual resultou a criação do Instituto de Formação Turística (IFT), e que actualmente é Universidade de Turismo de Macau seu sucedâneo até às negociações preliminares e participação como co-gerente da Sociedade Bela Vista, Lda por parte do governo conjuntamente com a gerência da parte da STDM liderada pelo querido e saudoso Dr. Stanley Ho, que detinha a gestão do Hotel Bela Vista (actualmente residência do Cônsul-Geral de Portudal em Macau), bem como a passagem como perito na área do Turismo no Grupo de Ligação com vista à manutenção de Macau na Organização Mundial de Turismo e na área criminal com a manutenção de Macau na Interpol fizeram que nunca me desligasse do amor pelo estudo do turismo e do seu direito onde diversos escritos temos produzido e em preparação desculpando a ousadia de um Manual do Direito de Turismo. Nesta série de escritos que serve de interregno aos temas que abordamos iremos escrever sobre a “A geogastronomia e a Ásia”, “A geogastronomia e Macau como Cidade Criativa em Gastronomia da Unesco”, “A geogastronomia e o papel da gastronomia portuguesa em Macau”, “A geogastronomia e o património culinário de Macau”, “A geogastronomia e turismo gastronómico”, “A geogastronomia e o futuro da cozinha tradicional portuguesa em Macau” entre outros temas. O novo governo empossado a 20 de Dezembro de 2024 através do Chefe do Executivo pugna pela diversificação económica que irá ser tarefa difícil dado que 85 por cento das receitas governamentais provêem do jogo. O compromissos e as pressões nas concessionárias para investir e desenvolver as áreas não ligadas ao jogo, como a cultura, desporto e outras passa também por reavaliar a geogastronomia de Macau e cautelosamente estudar e desenvolver os temas acima referenciados com vista a captar mais turistas e oferecer uma gastronomia de qualidade que justifique a atribuição da UNESCO e tal passará muito pelos hotéis, pelos chefes de renome residentes em Macau e ementas que apresentem. Alguns hotéis como o Hotel Lisboeta, começaram a 16 de Dezembro a criação de “três iguarias” portuguesas em que se associou o altamente renomado, conceituado e condecorado com a Medalha de Mérito pela Região Administrativa de Macau (RAEM) em 2013, Chef António Neves Coelho e a sua equipe de Chefes, como o “Croissant de leitão”, o “Queijo de cabra gratinado” e o “Arroz de marisco molhado à moda do Chef Coelho”, entre outras iguarias que pode ser apreciado até 28 de Fevereiro de 2025 no “Angela`s Café and Lounge. O Vice-presidente da área de Alimentação e Bebidas do Lisboeta, Terence Chu afirmou que “a gastronomia Portuguesa é a mais representativa de Macau…”. Macau merece e exige como Cidade Criativa em Gastronomia da Unesco e a gastronomia Portuguesa que na simbiose com a gastronomia Chinesa criaram a gastronomia Macaense que esta iniciativa seja contínua e que o “Angela`s Café and Lounge” se torne um dos restaurantes Portugueses por excelência em Macau e inaugure um ciclo de gastronomia Portuguesa a 1 de Março de 2025, tipo “Roteiro de Sabores” e ofereça mensalmente a melhor gastronomia das diversas e ricas regiões de Portugal. Cumprida a introdução, desejamos um Feliz e Próspero Ano de 2025 a todos os leitores do Hoje Macau.