Vila da Taipa | Exposição de Crystal W. M. Chan para ver até Fevereiro

A Associação Cultural da Vila da Taipa acolhe, até Fevereiro, uma nova exposição da artista local Crystal W. M. Chan, intitulada “Subtropical Romance”. Trata-se de uma mostra de pintura da artista que fez formação superior em Nova Iorque e que faz parte da nova geração de artistas de Macau.

Ao HM, Crystal Chan confessou que grande parte dos quadros presentes na vila da Taipa foram pintados este ano por altura da sua gravidez. “A minha filha nasceu em Outubro, trouxe muita alegria à minha vida e isso influenciou-me a ver o mundo de forma diferente. [A minha gravidez] trouxe novas cores à minha vida e também à minha paleta de pinturas”, disse.

Porém, mais do que quadros pintados num certo estado de graça, Crystal W. M. Chan aponta que estas pinturas são também “uma reflexão sobre viagens e turismo, pois depois da covid todos nós ficamos com vontade de viajar”.

“Adoro ir a praias e ilhas, gosto do Verão, do sol e do mar. Penso que o clima tropical faz as pessoas felizes, no geral. Além disso, muitos turistas visitam Macau, uma cidade subtropical de onde sou natural e onde vivo. Comecei a pensar na relação que temos com o nosso local de origem e como tentamos fugir dele para outro paraíso imaginado. Como todos os frutos, árvores e plantas também migraram de um continente para outro e se tornaram símbolos tropicais exóticos.”

Assim, no meio de tantas viagens e correlações entre lugares tropicais, a artista começou a pensar “na forma como lugares se transformam em desejos e realizam as nossas fantasias”.

“Não me lembro de ter visto, enquanto crescia, todas estas palmeiras em Macau, mas agora tornaram-se parte do cenário deste paraíso manufacturado”, adiantou a artista, cujas obras também remetem para a ideia “do encontro do Oriente com o Ocidente como slogan turístico”.

O regresso

Há cinco anos que Crystal W. M. Chan não expunha em nome próprio em Macau. Agora, “Subtropical Romance” surge numa altura em que a pintura dá à artista “tempo para contemplar e reflectir num ambiente calmo, num ano com muitas mudanças”.

O nome da exposição remete “para o sítio onde nos encontramos neste momento, que é Macau, e que vem tanto da situação climática real como a ideia de tropical, numa espécie de imaginação em relação a férias de lazer”. Em relação ao conceito de romance, pode ser pensado “como uma fantasia, uma história de amor, mas o romantismo é também um género dos séculos XVIII e XIX que foi muito significativo na história da arte”.

“É um movimento em resposta à era do Iluminismo e à Revolução Industrial, quando as pessoas sentiram a necessidade de se exprimirem, de sentirem e de imaginarem. Tem a ver com paixão, intuição e emoção. Também tem a ver com a relação entre os seres humanos e o ambiente”, acrescentou.

Crystam W. M. Chan tem feito projectos em parceria com o seu marido, o também artista Benjamin Kidder Hodges, estando “sintonizada” no ambiente em que se encontra, com preocupações sobre as grandes mudanças em Macau.

“Desde que voltei para Macau por causa da covid que testemunhei o processo de construção das ilhas artificiais entre Macau e a Taipa e aprendi mais sobre o facto de a recuperação de terrenos fazer parte da história do desenvolvimento de Macau. Estes projectos também dizem respeito à forma como somos tão cegos ou tão impotentes perante as alterações ambientais. Penso que a arte sonora permite-me construir um ambiente que sintoniza os nossos ouvidos para ouvir o que nos rodeia.”

A artista diz estar “feliz por manter a pintura como a principal prática artística”, pois é um género artístico que “requer mais conversação interna, como um monólogo”, querendo apostar também em arte sonora. A exposição pode ser vista na galeria da associação na Rua dos Clérigos.

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