Comércio | Retirada de estatuto de Pequim abalaria alicerces

O embaixador da China nos Estados Unidos afirmou ontem que a eventual revogação do estatuto de nação favorecida, a nível comercial, do país por Washington “abalaria as bases” do comércio mundial.

Num discurso proferido na Câmara Geral de Comércio da China, em Chicago, Xie Feng afirmou que “qualquer tentativa de pôr termo” à designação da China como nação com “relações comerciais normais permanentes (PNTR) espezinharia as regras económicas e comerciais internacionais e abalaria os próprios alicerces do sistema comercial global”.

As observações de Xie referem-se a um projecto de lei apresentado em Novembro pelo congressista republicano John Moolenaar para retirar aquele estatuto, de que China beneficia desde 2000, para “deixar de permitir que o Partido Comunista Chinês se aproveite dos Estados Unidos”, afirmando que as relações comerciais “corroeram” a indústria transformadora norte-americana e transferiram postos de trabalho para o “principal adversário”.

O embaixador chinês afirmou que o estatuto PNTR “não é um favor unilateral dos Estados Unidos, mas uma obrigação de todos os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.

A “dissociação” das cadeias de abastecimento da China equivaleria a “dar um tiro no pé” para os EUA, apontou o diplomata, acrescentando que a guerra comercial “tornou-se numa ‘espada de Dâmocles’ que paira sobre as empresas norte-americanas”. “Transformar as taxas alfandegárias numa arma não é uma panaceia e pode facilmente provocar um círculo vicioso de retaliação”, alertou o emissário chinês.

Xie apelou para “uma nova visão” nas relações entre Pequim e Washington: “O que devemos escolher: ser amigos de 1,4 mil milhões de pessoas ou estar um contra o outro? A resposta é óbvia. Nesta encruzilhada, não podemos voltar atrás ou dar um passo em frente e dois passos atrás”.

Laços em jogo

O regresso à Casa Branca do republicano Donald Trump, que lançou a guerra comercial contra a China, em 2018, no primeiro mandato, ameaça agravar as fricções entre os dois países. A China beneficia do estatuto de economia em desenvolvimento, o que garante tratamento preferencial.

Em causa estão benefícios em tratados internacionais em vigor, que visam apoiar os países mais pobres. As nações em desenvolvimento estão, por exemplo, sujeitas a menos restrições na luta contra as alterações climáticas e as exportações para os países ricos beneficiam de taxas aduaneiras baixas.

Ao abrigo do estatuto de país em desenvolvimento, a China continua, também, a obter empréstimos com taxas preferenciais de organizações internacionais, como o Banco Mundial.

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