Doci Papiaçam | Coro actua em Lisboa e volta a juntar comunidade

Quarta-feira foi um dia especial para a comunidade macaense de Macau e a residir em Lisboa: a actuação do coro do grupo Doci Papiaçam di Macau juntou, na Casa de Macau, macaenses e antigos residentes portugueses que quiseram matar saudades do território. Carlos Piteira, presidente da Casa, anunciou que pode ser criado uma extensão dos Doci em Portugal

 

O coro dos Doci Papiaçam di Macau esteve em Lisboa na última semana a convite do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, a propósito das eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas. Porém, a visita serviu de argumento para uma visita de maior importância: a ida à Casa de Macau em Lisboa, actualmente presidida por Carlos Piteira.

Na quarta-feira, ao final da tarde, já se vivia o rebuliço na Casa, localizada na Avenida Almirante Gago Coutinho, com ensaios do coro, as mesas a serem preparadas com petiscos macaenses e membros da comunidade a chegar. Tratou-se de uma actuação que juntou os macaenses que vivem entre cá e lá, no meio de abraços e muitos sorrisos.

Já no dia anterior os Doci tinham actuado no Palácio de São Bento, embora tenha sido “uma actuação muito breve”, com apenas duas músicas, conforme descreveu ao HM Miguel de Senna Fernandes, que se mostrou muito satisfeito por poder cantar numa casa que também é sua e de todos os macaenses.

“Por falta de tempo só podemos cantar duas músicas. Gostámos de conhecer o Palácio de São Bento, porque não conhecia. Penso que as pessoas ficaram maravilhadas, e havia pessoas que não sabiam que em Macau havia este tipo de projectos.”

Do grupo dos Doci vieram a Lisboa apenas alguns integrantes, como foi o caso de Agurtzane Azpiazu, Aleixo Siqueira, Arnaldo Ritchie, Carlos Anok Cabral, Isabela Pedruco, Ivone de Senna Fernandes, José Basto da Silva, José António Carion Jr., Luís Pedruco Novo, Manuel Jesus, Marina de Senna Fernandes e Miguel de Senna Fernandes, Paula Carion e Sónia Palmer.

Trata-se de rostos que habitualmente são vistos em palco nas peças dos Doci, em patuá, mas que agora vestiram a pele de cantores, cantando também em patuá. “As letras e arranjos são meus, mas claro que, obedecendo à tradição antiga, as melodias são conhecidas e fazemos a adaptação. Há uma música do Adé, que é o hino”, disse Miguel.

O espectáculo arrancou com “Nós Maquista Sâm” [Nós Macaenses Somos], uma letra sobre a personalidade dos macaenses, “gente com paixão” e com “bom coração”, apesar das discussões e coscuvilhices. Seguiu-se “Palavra di Amigo”, “Quelôra Sol Ta Quentá” [Quando o Sol Aquece] e a bem conhecida “Macau Sã Assí” [Macau é Assim], cantada por todos os presentes.

Doci em Lisboa

Na apresentação do espectáculo, Miguel de Senna Fernandes, autor das músicas e dos arranjos, bem como das peças de patuá, disse estar “sensibilizado” por poder estar com o grupo em Lisboa.

“Somos um grupo cujos membros, por acaso, também cantam. Já que viemos a Lisboa, porque não fazer uma visita à Casa de Macau. Faz 25 anos que o grupo dos Doci não actua em Portugal, pelo que faz todo o sentido.”

Do lado de Carlos Piteira, destacou-se o facto de o grupo estar naquela que é também a sua casa. “Se tivesse a ideia que a fama dos Doci era esta, teria contratado o Coliseu (risos). A contrapartida é que não vinham à Casa de Macau, e o virem aqui é virem também à vossa casa aqui em Portugal. É um tributo ao patuá, e nós Casa de Macau temos tentado manter este traço identitário paralelamente com a gastronomia. É uma pena estas canções não serem mais divulgadas aqui em Portugal.”

O presidente destacou ainda a ideia de vir a criar em Portugal, mais concretamente em Lisboa, uma extensão dos Doci Papiaçam di Macau. “Ainda não é formal, mas estamos a tentar criar um grupo de patuá também aqui em Portugal”, disse.

No dia seguinte a esta actuação, na quinta-feira, os Doci estiveram junto à Câmara Municipal de Lisboa a cantar em patuá, por ocasião da cerimónia de encerramento das actividades do Conselho das Comunidades, que reuniu durante três dias.

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