Ucrânia | Pequim defende plano de paz apresentado com Brasil

A China afirmou na passada sexta-feira que o plano de paz que apresentou em conjunto com o Brasil para resolver a guerra na Ucrânia tem como objectivo “reduzir as tensões” e “evitar a expansão do conflito”.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse que o consenso de seis pontos alcançado com o Brasil “centra-se na urgência de arrefecer” o conflito. “O consenso enfatiza o cumprimento de três princípios-chave para o desanuviamento: evitar a expansão do conflito, prevenir a escalada da guerra e não atiçar as chamas do conflito”, disse Mao.

A porta-voz referiu também a importância de manter o diálogo, aumentar a ajuda humanitária e rejeitar a utilização de armas nucleares e os ataques contra centrais nucleares.

Mao sublinhou ainda que a proposta, apresentada a 24 de Maio pela China e pelo Brasil, foi bem recebida por mais de 110 países, o que, segundo Pequim, “está em linha com as expectativas gerais da comunidade internacional” e procura garantir a “estabilidade nas cadeias de abastecimento globais”.

O Governo chinês negou a venda de armas à Rússia, alegando que a sua relação comercial com Moscovo é “normal”, enquanto os EUA acusam as empresas chinesas de apoiar a indústria de armamento russa através da venda de equipamento que pode ser utilizado na produção de mísseis balísticos.

Grande parte da comunidade internacional tem apelado repetidamente à China para que utilize as suas boas relações e influência sobre a Rússia para pôr termo à guerra, uma exigência que Pequim argumenta dever ser dirigida às partes directamente envolvidas.

China e Brasil foram duas das dezenas de nações em desenvolvimento que não assinaram o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada na Suíça, em Junho passado.

A China faltou à reunião, insistindo na “participação igualitária” da Rússia e da Ucrânia. A Rússia não foi convidada para a cimeira.

Sinais de diálogo

Após a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de ajudar Moscovo a minar a reunião, que visou obter mais apoio internacional para uma solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kiev.

O plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do leste da Ucrânia. No entanto, têm surgido alguns sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão dispostas a dialogar.

No final de Julho passado, na sua primeira visita à China desde o início da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que Kiev está disposta a negociar se Moscovo agir de “boa-fé”.

A Rússia afirmou que está aberta a conversações, mas que a Ucrânia deve primeiro abandonar a sua candidatura à NATO e retirar-se das suas quatro províncias mais a leste.

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