Música | Orquestra Chinesa de Macau passa a ter Zhang Lie como maestro

É época de mudanças e recomeços na Orquestra Chinesa de Macau. O maestro chinês Zheng Lie, tido como um dos mais conhecidos e reputados da China e do mundo, passa a comandar a Orquestra, que já tem também nova programação para a temporada de concertos 2024/2025

 

“Maestro de primeira classe a nível nacional”. É desta forma que o Instituto Cultural (IC) descreve o novo maestro que vai comandar os destinos da Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Zhang Lie passa a assumir o cargo de maestro e director musical numa altura em que acaba de ser anunciada, na última quinta-feira, uma nova programação para a temporada de concertos 2024/2025.

Segundo o comunicado do IC, Zhang Lie agradeceu “ao Governo da RAEM a confiança depositada”, tendo ainda manifestado “a determinação em dirigir a OCM para marcar uma nova etapa”. Actualmente Zhang Lie é director e maestro principal da Orquestra Chinesa de Nanjing e da Orquestra Chinesa de Henan.

Além disso, passou por várias orquestras de cidades do Interior da China, tendo “sido contratado por diversas instituições de ensino e grupos musicais, além de ter levado diversas orquestras a actuar no estrangeiro, com resultados notáveis”, aponta o IC.

Nas novas funções em Macau, espera-se que Zhang Lie possa levar a OCM “a iniciar um novo capítulo” e a apresentar “uma vasta gama de repertório, desde clássicos a novas obras interdisciplinares, proporcionando aos entusiastas de música uma variedade de estilos e géneros musicais tradicionais”.

Zhang Lie entrou para a lista dos “Dez Maestros Excepcionais da Música de Orquestra Chinesa”, tendo sido também conselheiro artístico e maestro convidado por inúmeras organizações musicais de várias instituições académicas, como foi o caso do Conservatório Central de Música, o Conservatório de Música da China, a Universidade de Pequim, a Universidade de Zhejiang, a Universidade de Henan e a Academia de Artes Performativas de Hong Kong.

O primeiro contacto de Zhang Lie com a música clássica deu-se nos anos 80, quando se licenciou, em 1984, no Conservatório de Música de Xi’an. Já no final dos anos 90, Zhang Lie prosseguiu os estudos no Conservatório Central de Música de Pequim.

Como compositor, Zhang Lie criou cerca de uma centena de obras para vários espectáculos e performances, desde a tradicional música de orquestra, até composições destinadas a espectáculos de dança, cinema e televisão.

Música nas Ruínas

Os bilhetes para a nova temporada de concertos da OCM começam a ser vendidos amanhã, sendo que a primeira apresentação decorre no dia 1 de Setembro com a apresentação “Esplendor de Cordas”, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Apresenta-se, assim, um espectáculo composto por “belas melodias das cordas” e o “esplendor da música”, combinando instrumentos musicais chineses com ocidentais.

Zhang Lie “fez uma selecção cuidada para que o concerto não contenha apenas a filosofia e emoções associadas ao Oriente, mas também o poder e a elegância do Ocidente”, descreve-se na programação. Este espectáculo de abertura da nova temporada de concertos inclui no alinhamento o concerto de percussão, tocado em dueto, “Novo Século do Ano do Dragão – Sol”, seguindo-se a actuação da violinista Lao Li. Esta irá tocar o “Concerto de Violino nº 1” de Zhao Jiping. Jia Lei, tocador do instrumento chinês “Sheng”, apresenta a peça “Yun Shao”.

O alinhamento termina com “Sinfonia em Sizhu”, de Liu Changyuan, que promete trazer à audiência “uma atmosfera poética e graciosa de arte”.

Destaque ainda para o espectáculo ao ar livre agendado para o dia 17 de Setembro junto às Ruínas de São Paulo. “Uma Noite de Lua Cheia nas Ruínas de S. Paulo” é o nome do concerto do festival do meio-outono marcado para as 20h na escadaria do popular monumento e ponto turístico.
A OCM apresenta ao público “o popular concerto da festa do bolo lunar, interpretando uma série de músicas tradicionais”, lê-se na programação. Mais detalhes dos músicos participantes serão anunciados posteriormente.

Celebrar a RAEM

Com espectáculos marcados até Julho do próximo ano, a temporada de concertos da OCM inclui ainda o ciclo “Clássicos Intemporais”, que decorre em Maio de 2025. Assim, foi convidado o presidente do Teatro de Ópera Cantonense de Guangdong, Zeng Xiaomin, tido como a “figura principal da nova geração da ópera cantonense”.

Zeng Xiaomin irá apresentar o espectáculo “Descortinar Vozes Harmoniosas”, em colaboração com outros artistas ligados ao Teatro de Ópera Cantonense, nomeadamente Wen Ruqing, considerado actor de primeira classe a nível nacional.

No cartaz, apresenta-se também, a 11 de Janeiro, o concerto de Guqin, tido como o “instrumento músical mais sagrado na cultura clássica chinesa”, tendo, em 2003, sido classificado como Património Cultural Imaterial do Mundo pela UNESCO. O espectáculo intitulado “Elegância de Qin” será protagonizado pelo músico Chen Leiji, “destacado artista de Guqin contemporâneo”. Além disso, haverá apresentações das quatro secções principais de instrumentos de “sopro, cordas, dedilhados e percussão”, com os músicos Wu Wei, Deng Jiandong, Zhang Gaoxiang e Wang Yidong.

Destaque também para o espectáculo que celebra os 25 anos de transferência da administração portuguesa de Macau para a China, intitulado “Luzes Cintilantes, Flores Resplandecentes”, apresentando-se “quatro grandes obras clássicas da literatura chinesa”.

Segundo a programação, a intérprete de Erhu e educadora, Yu Hongmei, irá estrear a nova obra “As Paisagens de Yimeng”. Destaque para a presença da guitarrista portuguesa de fado, Marta Pereira da Costa, que irá unir forças com a Chefe de Naipe de Liuqin da Orquestra, Wei Qing, para apresentar o “Concerto Duplo de Liuqin e Guitarra Portuguesa ‘Rapsódia de Macau'”, de Kuan Nai Chung, “exibindo-se plenamente a fusão de música chinesa e ocidental”.

O cartaz da OCM não esquece o já tradicional teatro músical pensado para pais e filhos, intitulado “Varinha Mágica Musical”. Espera-se, neste contexto, uma “actuação acolhedora para crianças e adultos”.

Finalmente, a temporada encerra-se, a 26 de Julho do próximo ano, com o espectáculo “Chegada Auspiciosa”, que combina a música tradicional com o Jinghu, sendo interpretado pela solista Wang Caiyun. Esta será acompanhada por actuações de Yangqin e soprano, “criando um magnífico quadro da música tradicional”, descreve o IC.

O alinhamento será composto pelo “poema sinfónico nacional” intitulado “Adeus, Minha Concubina”, baseado em temas históricos e elementos da Ópera de Pequim. Segue-se um conjunto de músicas “A Arte da Guerra”, que convidará o público a “viajar na história e a apreciar o espírito heróico”. A professora associada de yangqin, Liu Yinxuan, apresentará o concerto “Rapsódia”, com o instrumento Yangqin. Já Wang Caiyun, tocadora de jinghu, interpretará “melodias emocionantes” de Pequim, enquanto os músicos da OCM irão apresentar “Impressões de Macau”. Este espectáculo acontece no grande auditório do CCM.

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