Extensão do Centro Europeu de Música abre este ano em Mafra

A extensão portuguesa do Centro Europeu da Música vai abrir até ao final do ano em Mafra, confirmou à Lusa este município, que celebrou domingo um protocolo nesse sentido com a instituição.

A Câmara de Mafra e o Centro Europeu de Música (CEM) têm por objectivo instalar o polo “num espaço digno”, o torreão sul do palácio de Mafra, de modo a possibilitar o “desenvolvimento de várias actividades”, refere o acordo, a que a agência Lusa teve acesso.

Com esta instalação, as duas entidades querem dar “maior visibilidade à vila de Mafra, como uma das capitais mundiais da música”, e ao Centro Europeu de Música, promover a prática musical e dinamizar os territórios por esta via.

O projecto tem em vista o desenvolvimento de atividades culturais ligadas à música, criar em Mafra um impacto positivo, ligar o concelho a redes internacionais de música e projectar o conhecimento histórico através da música.

Segundo o acordo, o CEM compromete-se a desenvolver e lançar actividades culturais, enquanto o município vai apoiar o projecto com 100 mil euros anuais, em 2024 e 2025.

Passado musical

O CEM vai ficar sediado em Mafra, dada a relação histórica desta vila com a música, que remonta à construção do Palácio Nacional de Mafra, e que passa pela futura instalação do Museu Nacional da Música, assim como do polo de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e do Arquivo Nacional do Som, que reforçam essa ligação.

O CEM vai ter, no entanto, uma programação que vai além de Mafra e abranger diversos territórios nacionais, funcionando em articulação com as cidades parceiras.

Em Outubro, os municípios de Braga, Faro, Figueira de Castelo Rodrigo, Grândola, Lisboa, Mafra e Porto já tinham acordado instalar em Mafra a extensão portuguesa do CEM e cooperarem na programação cultural.

O CEM vai constituir-se como um espaço de investigação e inovação a partir da música e conta já com três programas, em desenvolvimento: Via Scarlatti, Música e Oceanos e Música e Ecologia.

No âmbito do programa Via Scarlatti, o primeiro projecto de pesquisa e criação cultural toma o nome de “Passarola”, numa referência directa ao reinado de João V, o ‘construtor’ do Palácio de Mafra, um tempo que José Saramago toma para o “Memorial do Convento”.

Os músicos Pedro Emanuel Pereira, Vítor Joaquim e Rui Gato juntaram-se e, a partir da Sonata em si menor K.87, de Scarlatti, que assimila diversas inspirações ibéricas, criaram uma obra musical e visual, numa abordagem que junta a música do compositor e o romance de Saramago, tendo em conta a passagem em que Scarlatti vê pela primeira vez a “Passarola”, invenção do padre português Bartolomeu de Gusmão.

Domenico Scarlatti foi contratado pela corte portuguesa de João V, viveu em Lisboa e, como professor de cravo da princesa Maria Bárbara, acompanhou-a até Madrid.

Concebido e presidido pelo português Jorge Chaminé como uma “iniciativa musical, pedagógica, científica e cultural” de carácter inédito na Europa, o Centro Europeu de Música está localizado no subúrbio parisiense de Bougival.

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