Burlas | Coutinho pede estudo mais aprofundado sobre causas

O deputado José Pereira Coutinho exige que as autoridades estudem de forma mais aprofundada as causas para a elevada ocorrência de casos de burla. O responsável destaca, em interpelação escrita, a “discrepância” existente face aos dados apresentados pelo Conselho de Consumidores que falam de uma maior consciência dos estudantes sobre os perigos informáticos

 

A mais recente interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho entregue ao Governo chama a atenção para uma aparente contradição: como explicar o crescente número de casos de burla tendo em conta as inúmeras campanhas de consciencialização elaboradas pelo Conselho dos Consumidores (CC) junto da população e escolas?

Neste contexto, o deputado entende que deve ser realizado, por parte das autoridades, “uma análise mais aprofundada para entender os factores subjacentes a esta realidade aparentemente contraditória”, propondo-se “soluções eficazes para proteger os jovens contra fraudes e esquemas de burlas, apesar da suposta ‘alta consciência’ sobre os direitos dos consumidores?”, questiona.

Coutinho gostaria de ver apurados “os factores sociais, educacionais e tecnológicos que podem estar a contribuir para esta discrepância entre a percepção e a realidade”.

O deputado destaca, por exemplo, o inquérito divulgado pelo CC, no início deste ano, realizado com estudantes do ensino secundário. As conclusões apontam para números que, à partida, parecem animadores no que diz respeito à consciência de potenciais situações de burla. Dos cerca de sete mil inquiridos, 81 por cento disse que já fez compras online, sendo que 13 por cento comprou produtos online logo no ensino primário.

O CC concluiu que “93 por cento dos alunos afirmaram que costumam visualizar os comentários de outros clientes antes de fazer compras, a fim de evitarem ser ludibriados”.

Assim, o CC entende que “a maioria dos inquiridos demonstra ‘uma alta consciência sobre a defesa dos direitos do consumo e dos consumidores'”, cita Coutinho na interpelação.

Rosas e espinhos

Apesar da aparente maior consciencialização dos estudantes, a verdade é que o inquérito do CC não é totalmente animador. “O relatório também destaca um cenário preocupante, com o aumento dos casos de burla informática que afecta cada vez mais os jovens das escolas secundárias.”

Destaca Pereira Coutinho que só no primeiro trimestre deste ano, e segundo o inquérito do CC, “houve 96 fraudes telefónicas, sendo que, destas, 40 visaram estudantes”, um cenário que resultou em “perdas de dezenas de milhões de yuan”. Neste caso, as vítimas “demonstraram ‘uma baixa consciência dos seus direitos cívicos'”.

O deputado entende, portanto, que “os desafios de prevenção e protecção continuam ainda a ser significativos, porque, apesar da maior consciência de direitos, os consumidores estão ainda amplamente vulneráveis a esquemas de burla online”. As autoridades “enfrentam dificuldades acrescidas em acompanhar a evolução dos métodos criminosos e em fornecer respostas eficazes, pelo que as campanhas de educação e consciencialização sobre a segurança digital precisam de ser intensificadas para capacitar os consumidores”, rematou.

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