GP | Gian Carlo Minardi concorda com o fim da F3 em Macau

O abrupto anúncio do fim da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA do Grande Prémio de Macau, na passada semana, e a sua substituição pela Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA, gerou um leque variado de opiniões, e nem todas positivas, tanto em Macau como fora do território. Para Gian Carlo Minardo, que foi até Março passado o presidente da Comissão de Monolugares da FIA, esta foi a decisão correcta

 

A marca Fórmula 3 tem uma história com mais de quarenta anos que a liga a Macau, e sua inesperada troca – algo que foi falado durante alguns meses nos bastidores, mas nunca foi abordado publicamente – apanhou a grande maioria dos intervenientes de surpresa. Por outro lado, o nome da Fórmula Regional, para além de pouco atractivo, não diz muito até aqueles que acompanham o desporto de perto. Como tal, esta “troca” da FIA, em que 2023 assinou um contrato de três anos com as entidades de Macau para a organização no Circuito da Guia da Taça do Mundo de Fórmula 3, foi naturalmente vista como um “retrocesso”.

Gian Carlo Minardi apoia a medida da federação internacional, até porque “a actual Fórmula Regional, que começou por ser a Fórmula 3 Europeia e depois mudou de nome para não se confundir com a Fórmula 3 internacional, nasceu com as características da antiga Fórmula 3, aquela que corria no passado em Macau”, esclareceu o ex-proprietário da equipa Minardi da Fórmula 1 (hoje Visa Cash App RB F1 Team) quando questionado pelo HM.

O italiano, que deixou o seu cargo na FIA devido à falta de tempo para combinar o cargo com a gestão do circuito de Imola, é claro em dizer que a razão para os Fórmula 3 não viajarem até à RAEM se deve, acima de tudo, a razões de segurança.

“Hoje em dia, os actuais F3 Internacionais já não são adequados para aquele circuito em termos de peso e potência, pelo que a FIA, por razões de segurança, optou por uma fórmula mais adequada”, explicou, acrescentando que “devido à velocidade atingida na pista e às fracas escapatórias, o circuito de Macau continua a ser um circuito difícil”, sendo que por isso “concordo com a escolha da FIA”.

E porquê agora?

Estranhamente a questão se os actuais Fórmula 3 se adequam ou não ao Circuito da Guia, não se terá colocado em 2019 e em 2023, quando estes visitaram a RAEM, tendo inclusive sido executadas várias intervenções para que o circuito urbano de Macau pudesse em 2019 receber pela primeira vez o Grau 2 da FIA, requisito necessário para acolher estes monolugares.

Contudo, Gian Carlo Minardi, que só assumiu em Abril de 2022 a presidência da Comissão de Monolugares da FIA, comissão essa que conta com um membro de Macau, Sancho Chan, é assertivo a dizer que “a performance dos carros está a aumentar constantemente e certos circuitos, especialmente Macau, não conseguem melhorar as infra-estruturas”.

O italiano não compreende o porquê da critica ao fim da F3 nas ruas do território. “Penso que o problema não está a ser tratado correctamente”, salientando que “hoje a Fórmula Regional iguala, ou consegue fazer performances ainda melhores que a antiga F3 que tornou Macau famoso”, sendo que o mais “importante é manter a competição”.

No entanto, o italiano reconhece que “talvez em 2019 o problema não tenha sido bem avaliado, tornando-se um problema para mim correr com a F3 internacional em 2023.”

Outros dilemas

Mesmo se a Fórmula 3 tivesse continuado a competir em Macau, este ano seria problemático. O actual monolugar da Dallara está em fim de vida e prestes a ser descontinuado no final de 2024. Com o fabricante italiano focado na construção do novo carro, as equipas do Campeonato de Fórmula 3 da FIA já se debatem com a escassez de peças sobressalentes, algo que será mais notório com a aproximação do final da temporada e que seria um assunto especialmente delicado numa prova como o Grande Prémio em que a sua natureza requer um volume considerável de peças de substituição.

Por outro lado, em 2019, a Formula One Management ficou com os direitos da Fórmula 3, passando esta a ocupar o lugar da GP3. Contudo, o promotor do Campeonato de Fórmula 3 da FIA nunca actuou como co-organizador do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, deixando a tarefa de promover o evento do território nas mãos da própria FIA, entidade que hoje não tem essa vocação. A dificuldade em preencher a grelha de partida na última edição da prova em Macau, com vários volantes a serem apenas confirmados em cima da hora e uma equipa a rejeitar mesmo viajar até ao Oriente, foi uma demonstração dessa inapetência.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários