Comércio | Pequim chama hipócrita a Biden por acusações de xenofobia

A China acusou ontem o Presidente dos Estados Unidos de hipocrisia, um dia depois de Joe Biden ter criticado as autoridades do país asiático por alegada xenofobia e batota no comércio mundial de aço

 

“Gostaria de lhe perguntar: está a falar da China ou está a falar dos Estados Unidos”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa, quando questionado sobre as declarações do líder norte-americano. Durante uma visita de campanha ao estado norte-americano da Pensilvânia, Joe Biden acusou Pequim de “fazer batota” no comércio mundial de aço, prejudicando os fabricantes norte-americanos e os seus trabalhadores.

Trata-se de um eleitorado fundamental para as eleições presidenciais de Novembro, nas quais deverá enfrentar o seu rival Donald Trump, que concorre pelo Partido Republicano. “Eles são xenófobos”, disse o Presidente americano, referindo-se à China, durante um discurso na sede do sindicato dos trabalhadores do aço (USW) em Pittsburgh, a histórica capital do aço dos Estados Unidos.

O líder democrata lamentou o facto de as empresas siderúrgicas chinesas “não terem de se preocupar em obter lucros porque o Governo chinês as subsidia fortemente”. “Não competem, fazem batota. E nós vimos os danos aqui na América”, acrescentou. “Não estou à procura de um confronto com a China, quero concorrência, mas uma concorrência justa”, acrescentou Joe Biden, garantindo que não haverá “guerra comercial” com Pequim.

Dureza na campanha

O Presidente norte-americano anunciou também na quarta-feira que pretende triplicar as taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio provenientes da China. “Vou considerar a possibilidade de triplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio da China”, disse Biden no comício em Pittsburgh.

A tarifa actualmente aplicada a determinados produtos de aço e alumínio é de 7,5 por cento, pelo que a sua triplicação significaria um aumento para 22,5 por cento. No entanto, este aumento não entrará em vigor imediatamente, uma vez que tem de passar primeiro por um processo de revisão no Gabinete do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).

“Sempre pedimos aos Estados Unidos que respeitem sinceramente os princípios da concorrência leal, que respeitem as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que ponham imediatamente termo às suas medidas proteccionistas contra a China”, reagiu o porta-voz Lin Jian. “A China tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar os seus direitos legítimos”, sublinhou, sem especificar a natureza dessas medidas.

Os comentários de Joe Biden surgem num contexto de intensa rivalidade política e económica com a China, apesar do diálogo renovado entre os dois países.

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