Cooperação | Visita de Yellen pode “criar consenso” com os Estados Unidos

A China espera que a visita da Secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, sirva para “construir consensos” com os Estados Unidos e que Washington esteja “disposta a trabalhar com Pequim para chegar a um meio-termo”

 

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, confirmou que Yellen irá estar na China até à próxima terça-feira, tal como foi anunciado pelo Governo norte-americano. “As relações económicas entre os nossos países são benéficas por natureza. Esperamos que os Estados Unidos trabalhem com a China para se encontrarem a meio caminho e tratarem as diferenças de forma adequada”, disse Wang. O objectivo é “construir consensos” com vista a “aprofundar a cooperação e promover a estabilidade das relações sino-americanas”, acrescentou.

A visita surge depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, terem falado na terça-feira, numa chamada telefónica que a Casa Branca descreveu como “franca”, mas na qual, segundo o Governo chinês, houve alguma fricção.

Foi a primeira chamada telefónica entre os dois líderes desde Julho de 2022 e a primeira conversa desde o seu encontro em Novembro do ano passado em São Francisco à margem da cimeira do fórum Cooperação Económica Ásia -Pacífico (APEC).

O objectivo de Biden, segundo a Casa Branca, era “fazer uma actualização” com Xi, numa tentativa de manter as duas potências em contacto e evitar que um incidente se transforme numa crise com consequências imprevisíveis. O Governo chinês também considerou o telefonema positivo para a estabilidade global, embora Xi tenha deixado claro o seu descontentamento com as restrições de Biden à exportação para a China de tecnologia norte-americana avançada, incluindo ‘chips’ semicondutores.

Xi advertiu Biden de que o seu Governo “não está a reduzir os riscos, mas a criar riscos” com as suas restrições tecnológicas e avisou que a China “não ficará de braços cruzados” se Washington insistir em suprimir ainda mais o seu “direito legítimo ao desenvolvimento”.

Arranque em Cantão

A visita da governante norte-americana começou em Guangzhou com reunião com empresários norte-americanos instalados na China e dirigentes locais, antes de se dirigir para Pequim. Desta vez, Yellen espera discutir “os investimentos massivos realizados na China em alguns sectores industriais, causadores de excesso de capacidade” em matéria de produção, declarou a jornalistas. “Inquietamo-nos com as consequências que podem ter os subsídios chineses nessas indústrias na economia dos EUA e de outros países”, acrescentou.

Entre aqueles sectores, Yellen mencionou o das baterias de lítio e dos veículos eléctricos, nos quais os EUA procuram eles próprios desenvolver a sua produção através de subsídios. Questionada sobre a possibilidade de colocar a hipótese de tarifas alfandegárias na mesa para pressionar a China, Yellen garantiu que “não querer excluir qualquer meio” que permita a protecção das indústrias dos EUA.

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