Hong Kong | Retrospectiva de Warhol na galeria Gagosian

“Warhol’s Long Shadow” é o nome da nova exposição inaugurada hoje na galeria Gagosian, em Hong Kong. Uma oportunidade para ver obras de artistas inspiradas por um dos nomes maiores da Pop Art que trabalhou com vídeo, fotografia, serigrafia e pintura, revolucionando a forma de expressão da cultura pop do pós-II Guerra no mundo das artes

 

Homem de rosto estranho, com cabelo branco causando ainda mais estranheza, Andy Warhol, natural de Pittsburg e falecido em 1987, foi um dos grandes nomes do movimento artístico Pop Art, tendo deixado serigrafias de personalidades famosas, incluindo do próprio Mao Tse-tung, antigo Presidente chinês, vídeos filmados na sua “The Factory”, estúdio em Nova Iorque, ou fotografias tiradas no formato Polaroid.

Os amantes ou curiosos do trabalho deste vulto da arte contemporânea podem agora ver a exposição “Warhol’s Long Shadow” na galeria Gagosian, em Hong Kong, que mais não é do que um conjunto de trabalhos de vários artistas influenciados por Warhol. A mostra, patente até ao dia 11 de Maio, a par do evento Art Basel Hong Kong, acaba por fazer também uma retrospectiva da carreira do vulto maior da Pop Art.

Na zona de Central apresenta-se um conjunto de obras seleccionadas especificamente para esta mostra por Jessica Beck, e que anteriormente estiveram no Museu Andy Warhol, situado em Pittsburgh.

“A exposição considera o impacto cultural contínuo de Warhol, justapondo pinturas, fotografias e filmes importantes do artista com obras de alguns dos seus contemporâneos e sucessores, incluindo Derrick Adams, JeanMichel Basquiat, Urs Fischer, Nan Goldin, Douglas Gordon, Alex Israel, Takashi Murakami, Richard Prince, Nathaniel Mary Quinn, Sterling Ruby e Zeng Fanzhi”, lê-se num comunicado da Gagosian.

Tido como “um dos artistas mais prolíficos do século XX”, Warhol conseguiu que a sua obra permanecesse anos após a sua morte e nunca passasse de moda. “Ao longo de quatro décadas, [Andy Warhol] reinventou continuamente a sua prática, passando dos desenhos íntimos dos anos 1950 para as icónicas pinturas Pop serigrafadas de celebridades, bens de consumo e desastres nos anos 1960, aos retratos da elite social dos anos 70, e ainda às fotografias, programas de televisão e colaborações nos anos 80.”

A “heterogeneidade” do legado de Warhol acabou por “formar e inspirar numerosos artistas contemporâneos”. Alguns dos trabalhos mais conhecidos do artista são “Silver Liz”, pintura de 1963, o retrato de Mao em Pop Art feito em 1973, ou ainda o da actriz Marilyn Monroe em 1979.

Destaque ainda para o pequeno filme feito com Donyale Luna, considera a primeira grande modelo negra do mundo da moda, entre 1965 e 1966. Todos estes trabalhos levaram à redefinição “do retrato na sua relação com o estilo contemporâneo, o poder e o mundo das celebridades”.

As influências

Segundo a Gagosian, “os novos estilos de representação que Warhol desenvolveu e o seu desafio às normas de género estão em sintonia com a centralidade temática da identidade, do glamour e da performance nas fotografias de Nan Goldin”. O exemplo revelado nesta exposição é da fotografia “Ivy in Opera Gloves, Boston”, trabalho de Nan Goldin datado de 1972.

Já o retrato duplo de Jean-Michel Basquiat com Warhol, intitulado “Dos Cabezas”, de 1982, foi feito pouco depois de Basquiat ter conhecido o seu ídolo. Por sua vez, “Sweet Pungent”, quadro de 1984 a 1985, é “uma das mais de 160 pinturas em que os dois colaboraram”, onde “Warhol regressou também à pintura à mão”.

Andy Warhol soube experimentar “novas estratégias de criação artística, mas também reimaginou a sua personalidade pública através de técnicas de duplicação, uso de máscaras e registo”.

Na obra “Polaroid Self-Portrait in Fright Wig”, de 1986, Warhol altera a sua aparência ao colocar uma peruca prateada e óculos de sol, ocultando também as suas feições na sombra. Além disso, “evidenciando uma afinidade desconfortável com esta abordagem”, a obra de duas peças “SelfPortrait of You +Me Andy”, de 2008, da autoria de Douglas Gordon, “inclui uma reprodução comercial de um autorretrato de Warhol de peruca parcialmente queimada, dividida e montada num fundo espelhado.

“Warhol’s Long Shadow” mostra ainda ao público de Hong Kong a obra “Dew”, de Urs Fischer, feita no ano passado, onde são empregues “estratégias pós-warholianas de apropriação e transformação de imagens comerciais”. Já em ” The Athlete (2024), Nathaniel Mary Quinn interpreta polaroids e pinturas de Muhammad Ali e Kareem Abdul-Jabbar da série Athletes de Warhol, juntamente com uma lata de sopa Campbell’s, um dos produtos mais consumidos pela população norte-americana do pós-II Guerra Mundial e elemento bastante conhecido dos quadros de Warhol.

Outro trabalho recente inspirado por Warhol, patente na exposição da Gagosian, é “Cool Down Bench (RWB)”, de 2023, de Derrick Adams, uma forma de abraçar “a cultura popular”, enquanto “Untitled”, de 2010, e de Richard Prince, estabelece uma relação entre o humor e o universo de Warhol.

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