China / ÁsiaAngola-China | Câmara de Comércio considera prioritária revitalização das relações Hoje Macau - 14 Mar 2024 Com mais de 40 anos de amizade entre os dois povos, é altura de as relações sino-angolanas iniciarem uma nova era. A ideia parte do presidente da Câmara de Comércio Angola-China, Luís Cupenala, a propósito da “histórica” visita presidencial de João Lourenço à China O presidente da Câmara de Comércio Angola-China considerou na terça-feira prioritária, na visita que o chefe de Estado angolano, João Lourenço, realiza ao país asiático, a revitalização das relações político-diplomáticas e a mobilização de investimento privado. João Lourenço partiu na passada terça-feira para a República Popular da China para uma visita oficial à China, a convite do seu homólogo chinês, Xi Jinping. Em declarações, o presidente da Câmara de Comércio Angola-China, Luís Cupenala, destacou o significado “histórico” desta visita, nas relações políticas e diplomáticas dos dois países, cujo 40.º aniversário se celebrou no ano passado, bem como dos 13 anos de cooperação e parceria estratégica. Luís Cupenala salientou que, terminado este ciclo de 40 anos, em que a China apoiou a reconstrução de infra-estruturas estratégicas para a redinamização da economia angolana, inicia-se um novo capítulo, marcado por várias visitas, em 2023, de governantes chineses e do chefe do Partido Comunista Chinês. “As relações entre Angola e China remontam há 40 anos e têm um peso muito grande a nível da nossa economia pela contribuição da China fundamentalmente na reconstrução nacional e, por outro lado, o peso das empresas chinesas que operam na nossa economia, com a construção de fábricas, centros comerciais, investimentos bastante agressivos, que dão uma nova configuração à nossa economia”, frisou. O líder da Câmara de Comércio Angola-China apontou como um dos momentos altos da visita de João Lourenço à China a assinatura de um acordo entre os dois países na área da agricultura, que considerou “fundamental” para o aumento da segurança alimentar, da produção interna e da exportação, para a captação de divisas. A par do tema da agricultura será realizado outro fórum sobre o sector mineiro, importante, segundo Luís Cupenala, para o aumento da exploração desses recursos naturais, no qual vão estar presentes todos os grandes empresários chineses já presentes no país africano. “A China precisa de alimentar a sua indústria e precisa desses recursos. Os angolanos devem apresentar na montra internacional esses recursos para que possam captar parceiros, que façam investimentos de qualidade para a extração e transformação desses minérios”, disse. O peso da dívida Nesta visita, apontou Luís Cupenala, as grandes prioridades são a revitalização das relações político-diplomáticas como estrutura macro da captação do investimento privado e melhoria das relações económicas. Sobre o peso da dívida de Angola com a China, o responsável referiu que esta é uma oportunidade para que João Lourenço, na sua “capacidade de articulação”, aborde uma possível renegociação. “A dívida representa um peso muito grande no nosso Produto Interno Bruto”, disse Luís Cupenala, recordando que, em 2022, o volume de trocas comerciais atingiu 27,8 mil milhões de dólares, dos quais pouco mais de 23 mil milhões de dólares representaram as exportações de Angola para a China, essencialmente petróleo, e apenas quatro mil milhões foram importações dos bens acabados da China para Angola. “Podemos perguntar se, de facto, esses volumes exportados estão a reflectir na vida dos cidadãos”, declarou o empresário angolano, realçando que “a maior parte desses recursos servem sempre para servir a dívida”. O responsável manifestou-se esperançado de que este seja um dos temas em cima da mesa, “para aliviar a carga”, olhando para as relações existentes há 40 anos e a “capacidade de articulação” do chefe de Estado angolano em encontrar um espaço “para este ganho que Angola procura”. Em 2023, as trocas comerciais entre os dois países registaram uma queda, avançou Luís Cupenala, com menos 20 por cento nas exportações do país lusófono para a China e de 15 por cento nas importações, sendo a principal causa a redução da produção petrolífera e a crise económico financeira global, agravada pelas guerras entre a Rússia e a Ucrânia, e Israel e o Hamas.