Pequim quer aplicar “medidas enérgicas” em disputas comerciais com o Ocidente

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, afirmou ontem que a China vai tomar “medidas resolutas para proteger firmemente os seus interesses” face a “sanções e retaliações despropositadas”, após meses de crescentes tensões comerciais com outras potências.

Em entrevista ao Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Wang afirmou que a China vai “alargar o seu leque de contramedidas” e “tomar medidas legais, tais como interpor acções junto da Organização Mundial do Comércio” para “proteger os seus direitos e interesses legítimos”.

O ministro explicou ainda que Pequim vai “fazer bom uso” da Lista de Entidades Não Confiáveis, que entrou em vigor na China em 2022 e sanciona determinadas instituições.

“A China vai impulsionar o comércio de qualidade e quantidade em cinco áreas, incluindo o comércio de bens, o comércio de serviços, o comércio digital, a cooperação internacional e a segurança comercial, como parte do seu objectivo de se tornar uma potência comercial global”, disse Wang.

No entanto, o responsável também reconheceu os “desafios e riscos” que o comércio chinês enfrenta num contexto de “turbulência e transformação global”, com “factores económicos e não económicos interligados” e um “número de eventos imprevisíveis que podem aumentar”.

Entre os desafios, mencionou a “fraqueza da economia global”, o “aumento do proteccionismo e do unilateralismo”, a “concorrência para atrair investimentos”, os “conflitos geopolíticos que afetam as cadeias de abastecimento globais” e as “alterações climáticas e catástrofes naturais”.

Para enfrentar estes desafios, o ministro disse que a pasta que dirige vai aproveitar as plataformas existentes, como os mecanismos de comunicação e diálogo com os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, para “reduzir as diferenças e alargar as áreas de cooperação”.

Mundos divergentes

Nos últimos anos, as disputas comerciais entre a China e os países ocidentais têm-se agravado. O departamento de Comércio dos Estados Unidos incluiu várias empresas chinesas na sua lista negra de exportações, acusando-as de fornecerem apoio técnico à invasão russa da Ucrânia, e a Casa Branca proibiu as empresas de capital de risco norte-americanas de investirem em três sectores-chave da economia chinesa: semicondutores, computação quântica e inteligência artificial.

Em retaliação, Pequim anunciou recentemente restrições à exportação de gálio e germânio – metais fundamentais para o fabrico de semicondutores e dos quais a China é o maior produtor – ou de grafite, argumentando em ambos os casos que estava a tomar estas decisões por razões de “segurança nacional”.

O Fundo Monetário Internacional alertou no ano passado para os danos causados à economia global pelas restrições ao comércio e ao investimento entre os EUA e a China.

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