Economia chinesa dá sinais de retoma apesar da persistente debilidade no imobiliário

A economia da China deu sinais de retoma, em Outubro, com as vendas a retalho e a indústria transformadora a crescerem, embora o sector imobiliário continue a contrair, indicam dados oficiais ontem divulgados. Em Outubro, a produção industrial aumentou 4,6 por cento, em termos homólogos. As vendas a retalho subiram 7,6 por cento, ajudadas pelo forte consumo durante a semana de férias do Dia Nacional.

O investimento em imobiliário caiu 9,3 por cento e as autoridades reconheceram que o sector ainda se encontra em “plena fase de ajustamento”, depois de, há dois anos, uma campanha de desalavancagem lançada por Pequim ter suscitado uma crise de liquidez.

As perturbações na indústria transformadora, nos transportes, nas viagens e em praticamente toda a actividade económica durante a pandemia terminaram há quase um ano, quando os dirigentes chineses abandonaram a estratégia ‘zero casos’ de covid-19.

A melhoria dos dados económicos de Outubro reflecte também o efeito base de comparação face à paralisia da actividade no ano anterior. Os recentes indícios de que a segunda economia mundial está novamente a ganhar força surgem numa altura em que o Presidente chinês, Xi Jinping, se prepara para se reunir com o homólogo dos EUA, Joe Biden, na Califórnia.

Novos ritmos

Liu Aihua, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, sublinhou repetidamente a transição da China para novos modelos de crescimento, após décadas de rápida industrialização e grandes investimentos em fábricas, portos e outras infra-estruturas, para um ritmo mais sustentável, liderado pelo consumo interno.

A economia continua a melhorar com “políticas eficazes”, embora a recuperação esteja a passar por um “desenvolvimento semelhante a uma onda e um progresso tortuoso”, afirmou. “A pressão externa ainda é grande, os constrangimentos suscitados pela insuficiente procura interna ainda são proeminentes, as empresas têm muitas dificuldades na produção e operação, e os riscos ocultos em alguns domínios exigem muita atenção”, descreveu Liu.

Os dados indicam que o consumo está a desempenhar um papel cada vez mais importante no crescimento económico. O consumo contribuiu em 83,2 por cento para o crescimento do produto interno bruto (PIB) entre Janeiro e Outubro, mais 6 por cento do que no mesmo período do ano anterior. Dado o grande fosso entre os rendimentos dos habitantes das cidades e os das pessoas que vivem nas zonas rurais, há grande margem para crescer, disse Liu.

O desemprego manteve-se em 5 por cento em Outubro. O Governo chinês deixou de anunciar a taxa de desemprego dos jovens trabalhadores há alguns meses, quando esta atingiu os 20 por cento. Liu disse que o gabinete de estatísticas e outros departamentos relevantes estão a estudar a questão e a trabalhar para melhorar a recolha de estatísticas e que serão publicadas actualizações sobre a situação “no momento oportuno”.

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