Jogo | Dois detidos por suspeita de usura e rapto

Como frequentemente acontece nos crimes mais graves, os principais suspeitos encontravam-se em excesso de permanência no território. O homem e a mulher do Interior raptaram, agrediram e privaram de água e comida um jogador endividado

 

Um homem e uma mulher foram detidos e encaminhados para o Ministério Público (MP), devido a suspeitas de terem cometido os crimes de usura e rapto. O caso aconteceu durante o fim-de-semana, implica dívidas de um jogador e foi revelado ontem pela Polícia Judiciária (PJ).

Segundo o relato da polícia, citado pelos órgãos de comunicação em língua chinesa, a vítima é um jogador do Interior que se encontravam em Macau desde Julho. Foi nesse mês que pediu emprestado 468 mil yuan para jogar a um homem e uma mulher que conheceu em Macau. Em troca, o jogador comprometeu-se a pagar 5 mil dólares de Hong Kong por dia em juros.

Até ao dia 14 deste mês a vítima foi capaz de pagar os juros prometidos, que totalizaram 70 mil yuan. Porém, a partir dessa data ficou sem capacidade financeira e começou a falhar os pagamentos diários.

Sem receberem dinheiro nem quaisquer explicações do jogador, o homem e a mulher marcaram um encontro com o devedor para um hotel na Taipa. O encontro aconteceu na quarta-feira passada, e o duo aproveitou para levar o jogador para um quarto do hotel, onde este foi mantido em cativeiro durante quase três dias.

Horas dolorosas

Durante o tempo em que a vítima ficou retida no hotel, foi obrigada a ficar quase sempre de pé, sem acesso a comida ou bebida, além de ter sido agredida com vários golpes.

O homem foi ainda ameaçado com uma faca contra o pescoço, ao ponto de ter revelado os dados do acesso ao cartão de crédito, além de ter entregue o telemóvel e outros documentos pessoais aos raptores. Todo o processo das agressões foi gravado pelos próprios agiotas.

Na posse dos dados, os agiotas conseguiram obter mais 284 mil yuan, que transferiram para as suas contas. Contudo, devido aos trabalhos de “recuperação das dívidas”, os criminosos consideraram que a vítima tinha ficado com a obrigação de pagar mais 200 mil yuan, que se juntavam ao pagamento de juros diários de 5 mil dólares de Hong Kong e ainda ao montante inicial do empréstimo de 468 mil yuan.

No dia 26 de Agosto, aproveitando uma distracção dos agressores, a vítima conseguiu contactar um empregado de hotel, que chamou as autoridades, que se deslocaram ao local e salvaram o jogador.

De acordo com os dados da polícia, o suspeito tem 40 anos e é desempregado. Por sua vez, a suspeita tem 50 anos e trabalha como secretária. Ambos são provenientes do Interior e admitiram ter emprestado dinheiro “para fins comerciais”. Contudo, recusaram ter praticado qualquer tipo de extorsão ou juros usurários.

Excesso de permanência

Na tradicional conferência de imprensa e parada dos detidos, a PJ reconheceu que os dois suspeitos se encontravam em excesso de permanência em Macau.

Nos últimos tempos alguns dos crimes mais graves têm sido praticados por pessoas que entram em Macau e ficam em excesso de permanência, inclusive durante anos.

Em Maio deste ano, teve lugar um homicídio, também num quarto de hotel, cometido por um homem do Interior, com 44 anos, em excesso de permanência. Conseguiu fugir, mas foi capturado quando se encontrava em Chaozhou, a mais de 350 quilómetros de Macau, e entregue às autoridades locais, pelas congéneres do Interior.

Também em Março, um residente de Hong Kong sem abrigo em Macau há quase dois anos, matou uma prostituta, num quarto de hotel, num dos crimes mais mediáticos deste ano.

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