BRICS | Lula diz que novos membros atestam relevância do grupo

A cimeira dos BRICS terminou ontem na África do Sul com a adesão de seis novos membros, Arábia Saudita, Argentina, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão. O bloco de emergentes passa a representar seis dos nove maiores produtores de petróleo do mundo

 

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que a entrada de seis novos países no grupo BRICS, como a Argentina, a quem enviou uma “mensagem especial”, atesta a relevância do bloco das economias emergentes.

“A relevância dos BRICS é confirmada pelo interesse crescente que outros países demonstram na adesão ao agrupamento”, afirmou Lula no encerramento da 15.ª cimeira do grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que decorreu ontem em Joanesburgo, África do Sul.

Lula afirmou que “é com satisfação que o Brasil dá as boas-vindas aos BRICS à Arábia Saudita, Argentina, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão”, que passarão a integrar formalmente o grupo a partir de 01 de Janeiro de 2024.

“Agora, o PIB do BRICS eleva-se para 36 por cento do PIB [produto interno bruto] global em paridade de poder de compra e 46 por cento da população mundial”, sublinhou.

Actualmente, o bloco representa mais de 42 por cento da população mundial e 30 por cento do território do planeta, além de 23 por cento do PIB global e 18 por cento do comércio mundial, sendo os maiores parceiros comerciais de África, segundo o Governo sul-africano.

Com a entrada da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irão, anunciada ontem, o bloco de economias emergentes passa também a representar seis dos nove maiores produtores de petróleo do mundo, juntamente com a Rússia, China e Brasil.

O líder sul-americano, ex-dirigente sindical tal como o seu anfitrião sul-africano Cyril Ramaphosa, avançou que o bloco “continuará aberto a novos candidatos” e, para tal, foram aprovados também “critérios e procedimentos para futuras adesões”.

Moeda na calha

Na sua intervenção, o Presidente do Brasil declarou também que os BRICS aprovaram ainda a criação de um grupo de trabalho para estudar a adopção de uma “moeda de referência” do BRICS. “Essa medida poderá aumentar as nossas opções de pagamento e reduzir as nossas vulnerabilidades”, adiantou.

O chefe de Estado brasileiro destacou também a decisão relacionada com reforma da governança global, especialmente em relação ao Conselho de de Segurança das Nações Unidas.

Apelos de Xi

O Presidente chinês no seu discurso na abertura da Cimeira naÁfrica do Sul afirmou “que o mundo está a passar por grandes mudanças, divisões e reagrupamentos, e em que entrou num novo período de turbulência e transformação”.

“A mentalidade da Guerra Fria ainda assombra o nosso mundo e a situação geopolítica está a tornar-se tensa. Os países BRICS devem defender a direcção do desenvolvimento pacífico e consolidar a parceria estratégica dos BRICS”, afirmou.

Xi Jinping considerou que o grupo dos países emergentes “devem ter sempre em conta o propósito da nossa fundação, de reforçar a unidade, de agir com forte sentido de responsabilidade, reforçando a cooperação a todos os níveis, e promover um desenvolvimento de alta qualidade, para que haja maior estabilidade, certeza e energia positiva no mundo”. “O desenvolvimento não é um privilégio de apenas alguns países”, frisou.

O líder chinês também observou a necessidade de defender a “equidade e a justiça, e melhorar a governação global”.

“O reforço da governação global é a escolha certa se a comunidade internacional pretende partilhar oportunidades de desenvolvimento e enfrentar os desafios urbanos”, considerou o líder chinês.

Cerca de 40 países manifestaram o desejo de aderir ao bloco, segundo o Governo sul-africano, que este ano ocupa a presidência rotativa dos BRICS.

O bloco recebeu “manifestações formais de interesse” de 23 países, incluindo também Bolívia, Cuba, Honduras, Venezuela e Indonésia, que terá solicitado “mais tempo” para considerar o convite de adesão ao grupo, segundo fonte governamental nas negociações.

A China apoiou especialmente a expansão dos BRICS, que procuram obter maior protagonismo nas instituições internacionais, até agora dominadas pelos Estados Unidos e pela Europa. Brasil, Índia e África do Sul estiveram representados pelos respectivos chefes de Estado e de Governo na cimeira dos BRICS, que decorreu entre terça-feira e ontem.

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