Negócios | Êxodo lusófono da China durante pandemia é obstáculo

Empresários disseram à Lusa que o êxodo de cidadãos lusófonos da China durante a pandemia de covid-19 pode atrasar o reforço dos laços económicos entre os dois lados durante a retoma da economia chinesa.

O presidente da Câmara Brasil-China de Comércio, Indústria, Serviço e Inovação (BraCham, na sigla em inglês) estima que entre 30 por cento a 40 por cento dos “200 e poucos” empresários brasileiros partiram devido às restrições impostas por Pequim para controlar o novo coronavírus.

“Por questões familiares, acabaram por abandonar a China e voltaram ao Brasil”, explicou à Lusa Henry Osvald, empresário radicado em Guangzhou.

Entre 15 a 20 por cento das empresas brasileiras na China acabaram por fechar portas e, no caso de mais “20 a 30 por cento”, o proprietário preferiu continuar as operações a partir do Brasil, referiu o líder da Bracham.

Mas Henry Osvald prevê que, dos empresários brasileiros que residiam na China antes da pandemia, “pouquíssimos devem regressar”, até porque o custo de vida nas grandes cidades chinesas “é bastante elevado comparado com o Brasil”.

Também em Macau se notou durante a pandemia um agravamento da tendência de “saída de portugueses” sem serem “substituídos por novos portugueses”, disse à Lusa o secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa. “Essa é uma grande dificuldade de um empresário [português] interessado em constituir uma empresa em Macau: encontrar talento disponível para fazer a gestão dos seus interesses”, lamentou Bernardo Mendia.

O empresário espera que, durante a visita de Ho Iat Seng a Portugal, entre 18 e 22 de Abril, haja uma “conjugação de esforços” para “apostar mais no uso da língua portuguesa e na atracção de talentos que falem português”. Inverter a tendência de êxodo lusófono, algo que “coloca em causa a singularidade de Macau”, serviria também para “reforçar o próprio projecto” do Fórum Macau, acrescentou.

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