Comércio externo chinês volta a contrair nos dois primeiros meses do ano

O ambiente económico exterior e a constante subida das taxas de juro complicam o desenvolvimento económico do país, que, no entanto, apresentou melhores resultados face ao mesmo período do ano transacto

 

O comércio externo chinês voltou a contrair em Janeiro e Fevereiro, afectado pela queda na procura global, suscitada pela subida das taxas de juro nos Estados Unidos e Europa, que visa travar a inflação galopante. As exportações chinesas caíram 6,8 por cento, em termos homólogos, para 506,3 mil milhões de dólares, segundo dados das alfândegas chinesas publicados ontem. Trata-se, ainda assim, de uma melhoria, face à queda de 10,1 por cento, registada em Dezembro.

As importações caíram 10,2 por cento, para 389,4 mil milhões de dólares, aprofundando a contracção de 7,3 por cento, registada no mês passado.

O excedente comercial da China nas trocas com o resto do mundo subiu 0,8 por cento, em termos homólogos, nos dois primeiros meses do ano, para 116,9 mil milhões de dólares.

A queda na procura global por bens chineses enfraqueceu, à medida que a Reserva Federal dos Estados Unidos e o Banco Central Europeu aumentaram, consecutivamente, as taxas de juro, visando travar a inflação galopante. Isto torna o crédito mais caro e enfraquece o consumo. “Não esperamos que as exportações recuperem”, afirmou Iris Pang, analista do banco holandês ING, num relatório.

Novas metas

A queda nas exportações complica os objectivos de Pequim de reanimar o crescimento económico, que caiu no ano passado para 3 por cento, o segundo ritmo mais lento desde a década de 1970. Pequim estabeleceu para este ano uma meta de crescimento de “cerca de 5 por cento”. O Partido Comunista Chinês está a tentar estimular o consumo interno para reduzir a dependência das exportações e investimento em grandes obras públicas.

Um aumento da procura chinesa seria um impulso para os fornecedores globais, numa altura em que as vendas nos EUA, Europa e Japão estão em queda. Nos últimos anos, por exemplo, a China absorveu quase um terço das exportações brasileiras.

As vendas a retalho e outros dados económicos começaram a melhorar, depois de as autoridades terem desmantelado, em Dezembro passado, a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que deprimiu a actividade económica.

A economia também está sob pressão devido a uma campanha para reduzir os níveis de alavancagem no sector imobiliário, um importante motor de crescimento da economia chinesa. A China relata os dados comerciais referentes a Janeiro e Fevereiro juntos para filtrar o efeito do feriado do Ano Novo Lunar, que calha em datas diferentes nos dois primeiros meses do ano.

As exportações para os Estados Unidos caíram 21,8 por cento, em relação ao ano anterior, para 71,6 mil milhões de dólares. As importações de produtos norte-americanos caíram 5por cento, para 30,3 mil milhões de dólares. O excedente comercial politicamente sensível com os Estados Unidos diminuiu 30,9 por cento, para 41,3 mil milhões de dólares.

As importações da Rússia, principalmente petróleo e gás, aumentaram 31,3por cento, em relação ao ano anterior, para 18,6 mil milhões de dólares. As exportações para a Rússia aumentaram 19,8 por cento para 15 mil milhões de dólares.

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