Um Grito no Deserto VozesPresentes de Natal Paul Chan Wai Chi - 30 Dez 2022 DR Este ano, qual seria o melhor presente de Natal? Penso que teria sido a distribuição pelo Governo da RAEM de “kits de apoio ao combate à epidemia” aos residentes de Macau. O destaque para a “Política da “meta dinâmica de infecção zero” desapareceu dos jornais nos últimos tempos, para ser substituída pelo “ajustamento da política antiepidémica, de forma gradual e ordenada”. O número de pessoas infectadas pelo coronavírus em Macau deixou de ser notícia. Mas todos os dias os residentes estão preocupados com o número de pessoas dos seus círculos de contactos que testaram positivo à Covid. Haverá sempre uma explicação razoável para as alterações introduzidas na política oficial de prevenção da epidemia. Quando a China continental promulgou as “Novas Dez Regras” do mecanismo conjunto de prevenção e controlo do Conselho de Estado, o Governo da RAEM, que sempre acompanhou as tomadas de decisão do Governo Central, adoptou sem hesitação as “Novas Dez Regras”. É evidente que a política dita a economia e a economia determina a política. À medida que a situação política e económica muda, é natural que se façam os ajustamentos necessários, mas a questão é saber se a altura de introdução das mudanças é apropriada. As pessoas que nasceram e foram criadas em Macau lembram-se dos cataventos, (galos de metal colocados sobre de uma seta giratória que indica os pontos cardeais), frequentemente colocados no topo dos edifícios de arquitectura portuguesa. Quando havia vento, a ponta da seta mostrava a direcção de onde este soprava. Compreendo muito bem que os esforços do Governo da RAEM de prevenção da epidemia tenham de seguir as políticas e as directrizes estabelecidas pelo Governo Central, tal como a seta e o galo que indicam a direcção de onde sopra o vento. Aqueles que compreendem a relação entre o Governo Central e os Governos locais estão conscientes de que as políticas do Governo Central são princípios orientadores e linhas gerais. Cada Governo local deve adoptar com flexibilidade estes princípios orientadores, através de medidas que tenham em conta a sua própria realidade e, de modo a não se desviar da intenção original do Governo Central. No entanto, se os Governos locais, para estarem em sintonia com o Governo Central, se limitarem a seguir à letra os princípios orientadores e as linhas gerais a todos os níveis, pensando que assim demonstram a sua total lealdade, o resultado pode não vir a ser o esperado. As muitas “catástrofes secundárias” que ocorreram na China Continental durante a prevenção epidémica foram causadas pelo pensamento desadequado dos Governos locais. Durante o ajuste das medidas antiepidémicas, o Governo da RAEM distribuiu pela população “kits de apoio ao combate à epidemia”. Embora tenha havido muitas falhas neste processo, juntamente com a onda de açambarcamento de antipiréticos e de analgésicos que ocorreu por toda a cidade, o Governo da RAEM teve uma actuação mais eficaz do que o da região vizinha. O seu desempenho global foi louvável, incluindo o dos profissionais de saúde e dos funcionários públicos colocados na linha da frente do combate à pandemia. Desde que o Governo da RAEM anunciou o ajuste das medidas antiepidémicas em conformidade com o Governo Central, o coronavírus começou a propagar-se rapidamente na comunidade. Embora a virulência da variante Ómicron seja muito reduzida, a sua taxa de transmissibilidade é muito elevada, o que preocupa bastante a população. Pode levar algum tempo até que Macau volte à normalidade. Embora os “kits de apoio ao combate à epidemia” distribuídos pelo Governo da RAEM possam ajudar os residentes a lidar com as infecções no período natalício, o que é certo é que o tremendo golpe infligido à economia de Macau pela pandemia nos últimos três anos é mais devastador do que as sequelas da Covid-19. A revitalização da economia de Macau, a criação de progresso e a manutenção da estabilidade serão testes à capacidade do Governo da cidade. Manter a estabilidade é a única forma de garantir a segurança de qualquer país ou região. O ano de 2023 vai ser particularmente desafiante. Se qualquer uma das facções da guerra Russo-Ucraniana e do conflito comercial Sino-Americano cometer um erro, pode vir a degenerar num desastre global. Bem-vindos a 2023, envio a todos votos de fé, esperança e amor em Cristo. Espero que estes votos se transformem em “kits de apoio ao combate à epidemia” para a humanidade combater o coronavírus a nível mundial.