China / ÁsiaProtestos marcam 75.º aniversário da morte do fundador de Myanmar Hoje Macau - 20 Jul 202220 Jul 2022 DR Protestos pró-democracia, dispersos pelo Myanmar (antiga Birmânia), marcaram o 75.º aniversário da morte do general Aung San, herói da independência do país, cuja filha continua detida pela junta militar que assumiu o poder em fevereiro de 2021. Em vários bairros de Rangum, a maior cidade do país, ouviram-se sirenes e buzinas de automóveis durante um minuto, às 10h37, hora do ataque de 1947 que também vitimou seis membros do gabinete de Aung San e dois outros funcionários. Fotos e vídeos publicados nas redes sociais mostram manifestantes com faixas a entoar cânticos em Rangum. Os protestos dispersaram em pouco tempo para evitar confrontos com as forças de segurança. Após assumir o poder, o exército birmanês iniciou uma campanha de pressão que incluiu a detenção da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi e de milhares de opositores, resultando ainda na morte de 2.091 civis, incluindo poetas, ativistas e políticos, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos. O chamado Governo de Unidade Nacional, criado por parlamentares eleitos, que diz ser a administração legítima do país, transmitiu nas redes sociais, em direto, a cerimónia de comemoração. Mahn Winn Khaing Thann, o primeiro-ministro sombra do Governo de Unidade Nacional, que os militares no poder consideram uma organização terrorista, prometeu lutar até que a liberdade seja restaurada em Myanmar. “Gostaria de reiterar que toda a população, incluindo monges, estudantes e jovens, só poderá exercer sua liberdade de escolha e gozar plenamente de seus direitos após o fim da ditadura militar” e a restauração da democracia, disse. O general Aung San tinha 32 anos quando foi morto a tiros por um grupo de homens armados uniformizados em Rangum. Um rival político, o ex-primeiro-ministro U Saw, foi julgado e enforcado por planear o homicídio, menos de seis meses antes do país conquistar a independência do domínio colonial britânico. Uma cerimónia oficial foi realizada no Mausoléu dos Mártires em Rangum, sem a presença de Aung San Suu Kyi. Suu Kyi, de 77 anos, não é vista em público desde que foi detida, com exceção de uma foto, divulgada pela televisão estatal em maio de 2021, tirada numa audiência judicial. A antiga líder foi condenada a 11 anos de prisão e colocada em isolamento numa prisão na capital, Naypyidaw, em junho. As numerosas condenações e críticas aos abusos perpetrados pelos militares deixaram mais uma vez o país praticamente isolado a nível internacional. Num relatório divulgado hoje, a Amnistia Internacional acusou o regime birmanês de cometer crimes de guerra ao colocar minas antipessoais “de forma maciça” em aldeias do estado de Kayah (leste), mergulhado em violência desde o golpe de fevereiro de 2021. A utilização de minas antipessoais é proibida por uma convenção internacional, ratificada em 1997 por mais de 160 países, mas não pela Birmânia.