Diplomacia | China e EUA querem manter linhas de comunicação abertas

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Duas das figuras mais próximas dos presidentes norte-americano e chinês encontraram-se no Luxemburgo onde se comprometeram em manter um diálogo aberto entre as duas partes

 

Os principais conselheiros diplomáticos da China e dos Estados Unidos comprometeram-se, na segunda-feira, a manter abertas as linhas de comunicação, após a disputa verbal entre os responsáveis da Defesa sobre a questão de Taiwan.

Jake Sullivan, principal assessor diplomático do Presidente dos EUA, Joe Biden, e o homólogo chinês, Yang Jiechi, não anunciaram, no entanto, qualquer compromisso sobre os seus principais pontos de tensão.

O diálogo ocorreu no Luxemburgo, dias após uma troca de advertências entre o ministro da Defesa da China, Wei Fenghe, e o seu homólogo norte-americano, Lloyd Austin, durante o Diálogo Shangri-La, um fórum anual de segurança realizado em Singapura.

Wei advertiu que a China vai “lutar até ao fim” para impedir a independência de Taiwan. O secretário de Defesa dos EUA denunciou a actividade militar “provocativa e desestabilizadora” de Pequim perto da ilha.

Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Yang Jiechi reiterou que a “questão de Taiwan toca na base política das relações China – EUA e, se não for tratada adequadamente, vai ter um impacto prejudicial”.

O conselheiro pediu aos Estados Unidos que evitem “maus julgamentos” e “ilusões” sobre este assunto.
Jake Sullivan “reiterou o compromisso de longa data dos Estados Unidos com o princípio ‘Uma só China’”, que pressupõe que a ilha de Taiwan faz parte do território chinês, mas transmitiu as “preocupações em relação às acções coercivas e agressivas de Pequim” no Estreito de Taiwan, segundo um comunicado da Casa Branca.

Das ambiguidades

Washington reconhece diplomaticamente Pequim e não Taipé, mas o Congresso dos EUA comprometeu-se a vender armamento a Taiwan para a defesa do território.

Sullivan reafirmou a chamada política de “ambiguidade estratégica”, segundo a qual os Estados Unidos reconhecem diplomaticamente a China comunista, mas ao mesmo tempo apoiam Taiwan militarmente.
Joe Biden está sob pressão bipartidária para aprofundar as relações com Taiwan, quando Washington disputa, com a China, a influência na região da Ásia–Pacífico.

Em visita ao Japão, no mês passado, Biden garantiu que seu país defenderia Taiwan militarmente se a ilha fosse atacada pela China.

A Casa Branca, no entanto, insistiu mais tarde que a tradicional “ambiguidade estratégica” norte-americana sobre essa questão não foi abandonada.

O encontro no Luxemburgo segue-se a uma conversa por telefone, realizada em 18 de Maio.
A relação entre Pequim e Washington deteriorou-se nos últimos anos, com diferendos nos âmbitos do comércio, Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan, a soberania no Mar do Sul da China e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia.

Em comunicado, a Casa Branca falou de uma troca “franca” e “produtiva”, durante a qual Jake Sullivan “ressaltou a importância de manter linhas abertas de comunicação”.

A agência noticiosa oficial Xinhua também descreveu a entrevista como “franca, profunda e construtiva”.

Yang concordou em manter o diálogo, mas deixou claro que Pequim não abdicará dos seus “interesses fundamentais”.

“Os EUA têm insistido em conter e repelir a China de forma abrangente”, apontou Yang, reafirmando que questões relativas a Xinjiang, Hong Kong, Tibete ou Mar do Sul da China são assuntos internos do país.

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