Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Luanda-Capital da Cultura da CPLP, em 2022

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Decorreu em Luanda nos dias 3, 4 e 5 de maio, o Encontro de Escritores da Capital da Cultura da CPLP, em 2022. Organizado pela Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP, coordenada pela UCCLA no Biénio de 2021-2022, a convite da CPLP. A organização angolana do Encontro de Escritores foi da responsabilidade das Direções do Arquivo Histórico Nacional, da Biblioteca Nacional, do Ministério da Cultura de Angola e da União de Escritores Angolanos.

A cerimónia de abertura decorreu no dia 3 de maio, no histórico e bonito Palácio de Ferro, com a presença dos Ministros do Turismo e da Cultura presentes em Luanda, tendo sido presidida pelo Sr. Ministro da Cultura e do Turismo e Ambiente de Angola, Dr. Filipe Zau, em representação da Presidência Angolana em exercício da CPLP.

Intervieram igualmente o Secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, o Coordenador Cultural da UCCLA e Coordenador da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, da CPLP, Rui Lourido e o Secretário Geral da União de Escritores Angolanos – U.E.A., David Capelenguela. Seguidamente os escritores fizeram uma breve apresentação do seu trabalho.

O Encontro refletiu, a 4 de maio, sobre os desafios que se colocam ao Português enquanto Língua de Cultura (ciência e inovação). Num contexto de rápido desenvolvimento de novas tecnologias, da globalização e no impacto da pandemia de COVID19. Os escritores tiveram a oportunidade de debater os condicionalismos que afetam a circulação dos próprios escritores no espaço da CPLP. Tendo sido sugerida a dispensa da obrigatoriedade de visto para escritores convidados por entidades literárias dos respetivos países. Foram igualmente debatidos três outros subtemas: como promover a circulação do livro no espaço da CPLP; independentemente do tipo de suporte, papel ou digital, o livro deve ser encarado na sua dupla função de fruição do lazer, quer como instrumento de aprendizagem da complexidade e diversidade das sociedades Humanas, seja nas ciências Humanas, seja nas ciências exatas. O livro com recurso e apoio de texto, desenho, vídeo, som, música, promove a curiosidade, a imaginação, o sonho. Os escritores refletiram ainda, sobre a necessidade do mais amplo acesso ao livro, através das bibliotecas, criando polos de bibliotecas nos bairros e nos jardins, nos centros comerciais, nas escolas, refeitórios e prisões, … (deslocalização do livro para os computadores e para os telemóveis). No processo de cativar novos públicos, cada vez mais jovens, as autoridades públicas não podem esquecer os idosos, hoje mais numerosos e isolados nas nossas cidades.

Participaram como oradores escritores e agentes culturais de todos os países de Língua Portuguesa, nomeadamente: Lopito Feijóo (Angola, Membro da U.E.A.), Yola Castro (Angola, Membro da U.E.A.), Daniel Gociante Patissa (Angola, Membro da U.E.A.), David Capelenguela (Angola, S.G. da U.E.A.), João Anzanello (Brasil), Anna Cunha – ilustradora (Brasil), José Luís Tavares (Cabo Verde), Amadu Dafé (Guiné -Bissau), Ungulani Ba ka Kossa -Francisco Cossa (Moçambique), Rui Lourido (Coordenador Cultural da UCCLA e Coordenador da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, da CPLP), Afonso Cruz (Portugal), Rachel Caiano – ilustradora (Portugal), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe) e Luís Costa (Timor).

Integrando a Capital da Cultura da CPLP 2022, realizou-se a XII Reunião de Ministros da Cultura da CPLP (presencial em Luanda e três ministros online, a 4 de Maio), que aprovou o Plano Estratégico e o Plano de Ação de Cooperação Cultural Multilateral da CPLP (2022-2026). Nesta sessão, os ministros ouviram a apresentação do plano de atividades da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, dos Observadores Consultivos da CPLP, para o ano de 2022, apresentado pelo seu Coordenador Rui Lourido. O qual destacou a ampla abrangência temporal e geográfica das iniciativas. Algumas de caráter temporário, mas outras permanentes.

A vasta abrangência geográfica destas iniciativas reflete-se na inclusão de mais de 11 espaços (Angola: Luanda; Espanha: Galiza, Olivença; Brasil, Cabo Verde; Guiné-Bissau; Macau/China; Índia; Portugal e Timor). O plano inclui uma grande variedade tipológica de iniciativas, (cerca de 57), que se podem agrupar nas seguintes 10 áreas: Encontros literários (Angola, Brasil, Cabo Verde, Portugal), conferências (ex. Galiza, Brasil, Portugal), projetos literários (sobre a pandemia, …), lançamento de livros (Gramática, …), concursos e prémios literários, bibliotecas digitais e físicas, leituras e entrevistas on-line, cursos de LP, A língua vai ao comércio local (Olivença), exposições, feiras do livro, Espetáculos (festivais, recitais de poesia, concertos, dança, teatro), oficinas lúdico didáticas, ciclos de cinema, programas de Rádio, e o apoio ao Museu da Língua Portuguesa de S. Paulo (Brasil).

O Encontro de Escritores da Capital da Cultura da CPLP, de 2022, abriu-se a novos públicos e partilhou com a população mais jovem e, em especial, com os estudantes da área da comunicação do Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL, 4 maio) e com os da Universidade Agostinho Neto, para assinalar o dia 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa.

Nesta universidade, o Coordenador Cultural da UCCLA e da Comissão Temática, apresentou o vencedor de 2022, do Prémio de Revelação Literária da UCCLA/CML: Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, e convidou os presentes a candidatarem-se com uma obra original. Seguidamente os escritores apresentaram o seu trabalho e responderam às perguntas entusiasmadas dos estudantes e professores. Utilizemos duas citações do mais jovem escritor, o guineense Amadu Dafé, que nos refere “Quer numa como noutra instituição de ensino superior, partilharam-se conhecimentos, histórias e experiências de vida, afetividades, sonhos e momentos poéticos”.

No dia 6, antes de regressar aos seus países de origem, os escritores realizaram visitas guiadas à importante Biblioteca Nacional e ao grandioso edifício do novíssimo Arquivo Histórico de Angola, novamente Dafé – “onde se fechou o ciclo com a sensação de missão cumprida e oficializando, com a declamação de poemas do Agostinho Neto ao sabor do funji e outras especialidades gastronómicas e culturais angolanas”.

 

Rui Lourido
Coordenador cultural da UCCLA
Coordenador da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, da CPLP

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