Queda de Boeing é primeiro acidente aéreo com mais de cinco mortes na China desde 2010

A China, um dos três principais mercados de aviação civil do mundo, não registava um acidente aéreo com mais de cinco mortes desde 2010, até à queda do Boeing 737-800, na segunda-feira. Em 24 de agosto de 2010, um Embraer ERJ 190-100, operado pela Henan Airlines, com 96 pessoas a bordo despenhou-se, já na aproximação à pista, quando se preparava para aterrar em Yichun, no nordeste do país.

No acidente e no incêndio que deflagrou morreram 44 pessoas, enquanto 52 sobreviveram. Os investigadores atribuíram o acidente a um erro do piloto, que estava a aterrar à noite, com visibilidade reduzida.

A segurança da indústria no país asiático melhorou bastante, depois da ocorrência de uma série de acidentes mortais nas décadas de 1990 e 2000. As Forças Armadas chinesas sofreram alguns acidentes fatais, mas poucos detalhes estão disponíveis.

A queda do voo MU5735 na segunda-feira, numa encosta arborizada, perto da cidade de Wuzhou, no sul da província de Guangxi, ocorreu cerca de uma hora depois de o voo partir de Kunming, capital da província vizinha de Yunnan.

A bordo seguiam 132 pessoas, 123 passageiros e nove tripulantes, indicou a Administração da Aviação Civil da China. De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, não foram encontrados, até agora, quaisquer sobreviventes, no desastre aéreo mais mortal da China em décadas.

A companhia aérea China Eastern, que operava o voo, é uma das quatro principais transportadoras chinesas, juntamente com a Air China, a China Southern Airlines e o grupo HNA.

Fundada em 1995, a empresa tem sede no Aeroporto Internacional de Pudong, em Xangai.

A frota de 749 aeronaves inclui 291 da série Boeing 737, de acordo com um relatório publicado em meados de 2021. A transportadora tem 79.913 funcionários, principalmente na China, e transportou 44,3 milhões de passageiros no primeiro semestre de 2021.

A China Eastern registou uma perda de 5,4 mil milhões de yuans (772 milhões de euros) no primeiro semestre de 2021.

As operadoras sofreram pesadas perdas financeiras, face à pandemia da covid-19. O Governo chinês mantém uma estratégia de “tolerância zero” que reduziu em 98% as viagens internacionais.

As viagens domésticas são também frequentemente interrompidas por medidas de confinamento e restrições nas deslocações internas.

O número de passageiros na China ultrapassou os Estados Unidos em 2020, pela primeira vez, de acordo com a companhia Boeing.

Isto ocorreu, em parte, porque a China foi o primeiro grande país a retomar as viagens internas, depois do surto inicial de covid-19 em Wuhan, no centro do país.

A Boeing previu um crescimento anual de tráfego aéreo de 5,4% e disse que a China deve responder por um sexto da futura capacidade adicional das companhias aéreas.

O país asiático é um dos mercados mais importantes para a norte-americana Boeing e para a rival europeia Airbus.

As construtoras disseram esperar que as operadoras chinesas impulsionem as vendas à medida que a procura nos Estados Unidos e na Europa diminui.

O Partido Comunista Chinês quer também que as construtoras chinesas passem a competir, com aparelhos de fabrico próprio, para fornecimento interno e, eventualmente, exportar no futuro.

A estatal COMAC, ou Commercial Aircraft Corp. of China, lançou um jato de curto alcance, o ARJ21, para 105 passageiros, e o C919, que é maior, mas de curto alcance, com 190 assentos. A empresa disse estar a trabalhar num avião de corredor duplo de longo alcance, o C929, para 290 passageiros.

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