Templo de Fu Xi em Qinzhou

Nos Anais Primavera-Outono encontra-se um diagrama onde se lê: o Imperador Verde, Tai Hao representado por um dragão, está localizado no Leste, contém a virtude da madeira e simboliza a Primavera. Na dinastia Qin (221-206 a.n.E.), oficialmente Fu Xi passou a ser a divindade Tai Hao Di (太昊帝).

Após a História do templo mais antigo a Fu Xi em Gansu, situado na Colina de Gua Tai, segue-se o Tai Hao Gong, o Palácio do Deus Tai Hao, existente em Qincheng (秦城), parte antiga de Tianshui, chamado pela população local também Ren Zhong miu (Templo do Ancestral dos Seres Humanos).

Recapitulando a História; após a proliferação na dinastia Yuan de templos a homenagear os Três Ancestrais (San Huang), logo no início da dinastia Ming com o seu primeiro imperador, Tai Zu (1368-1398), apenas o templo de Fu Xi em Huaiyang (Henan), onde se encontra o mausoléu, passou a ter autorização imperial de existência. De reputação igual, o da Colina Gua Tai declinou e por isso, no livro Da Ming Yi tong zhi apenas é mencionado ser Gua Tai Shan a moradia de Fu Xi, sem haver referência ao templo.

Entre 1483/4, o oficial civil Fu Nai, à frente da cidade de Qinzhou (秦州, nome dado entre 220 e 1913), hoje Qincheng, usava a razão de ser este o local de nascimento de Fu Xi para construir Fu Xi ci (ci, 祠, pequeno templo), na parte Oeste da cidade. Era simples e sem estátuas e existia já em 1347. Em 1490 as pessoas ricas e governantes locais foram doando dinheiro para se terminar a construção do templo, ficando este com um paifang e um pavilhão.

Depois foi erguida a estela (碑, bei) 《XinXiu TaiHaoGong MenFangJi》 (新修 太昊宫 门坊记), onde se registou quem o mandou construir e a data. Este bei continua a existir.

O oficial de Gansu baseado neste Fu Xi ci escreveu uma carta ao imperador a pedir permissão para construir um templo a Fu Xi em Qinzhou. Em 1516, o Imperador Wu Zong aprovou e no livro Ming shi, no capítulo Li Zhi, se refere que baseado nesta aprovação somente em dois locais se podia oferecer sacrifícios a Fu Xi, um em Qinzhou e o outro em Chenzhou (actual Huaiyang).

Em 1521, o oficial governador de Gansu escreveu outra carta ao imperador, a dizer que para fazer sacrifícios a Fu Xi, a Colina Gua Tai ficava afastada da cidade, não cómoda e conveniente para os governantes aí se deslocarem. Logo no mesmo ano veio a autorização imperial de Shi Zong para a construção em Qinzhou de um templo a Tai Hao. Mas apenas em 1523, no local onde se encontrava Fu Xi ci, começou a ampliação do pequeno templo dedicado a Fu Xi construído em 1490. Assim só em 1523 se pode considerar haver em Qinzhou um templo ao primeiro dos Ancestrais, que passou a ter três paifang, sete Xian Tian dian, cinco Tai Ji dian, vinte Chao fang, um Jian Yi ting e por ser construído com muita pressa, a qualidade não era boa, nem estava pintado. As duas estátuas de Fu Xi existentes são dessa altura.

Na região os tempos eram de fome e os governantes sucediam-se; por isso o templo não estava terminado e rapidamente se foi degradando. Tudo isto registado num bei de 1532, que também ainda existe, quando o templo foi reparado por ordem de três governantes, de Shaanxi, Gansu e Qinzhou, sendo pintado e o muro do templo concluído, ficando com o seu maior tamanho. Virado a Sul tinha quatro partes.

No fim da dinastia Ming, apenas havia em toda a China dois lugares para se oferecer sacrifícios a Fu Xi, Qinzhou e Chenzhou e no aniversário deste Ancestral, o Imperador enviava uma carta para ser lida pelos oficiais a representá-lo durante as celebrações.

Já na dinastia Qing, em 1653 o templo foi reparado, mas no ano seguinte, Qingzhou sofreu um grande terramoto que matou 7464 pessoas e destruiu 3672 casas. Registos sobre o templo apenas voltaram a aparecer no tempo do Imperador Kang Xi (1661-1722) e no 《秦州志 庙坛》 QinZhouZhi Miaotan diz existirem dez ciprestes. Em 1739, 1805 e 1885, o templo foi sucessivamente reparado e na nona vez, entre 1885 e 87, foi ele ampliado, ficando com a área de 13 mil m², mas actualmente tem apenas 6600 m².

O templo em 1939 foi transformado em quartel do exército do Guomingtan e asilo para deficientes. Estas pessoas destruíram as pedras He-tu (河图) e Luo-shu (洛书), a estátua do Dragão-Cavalo (龙马, Long-Ma) e transformaram Xian Tian dian num armazém, usando os pátios para instalar uma fábrica de tecer.

Em 1949, com a República Popular da China, o templo sob controlo do governo de Tianshui continuou a ser usado como fábrica. Em 1955, o governo de Gansu aí colocou uma escola para formar professores, havendo setecentos estudantes a nele viver. Em 1966, durante a Revolução Cultural (PoSiJiu 破四旧, quatro velharias) os estudantes destruíram quase tudo o que se encontrava no templo. O Museu de Tianshui passou em 1986 para o Templo de Fu Xi e no ano seguinte, o Instituto de formação de professores saiu do recinto, sendo o templo reparado em 1988, sobre a direcção do Museu de Tianshui.

TEMPLO DE QINZHOU

De estilo antigo, todos os edifícios estão virados a Sul e colocados sobre um eixo central, tal como acontece com os mausoléus dos imperadores. Com quatro átrios a partir da porta de entrada do Sul, encontramos alinhados pelo eixo central um paifang (porta sem portas), a porta da Frente (Da men) e a porta do Aspecto (Yi men), onde antes de se passar se deve compor a aparência, desmontar da montada e arranjar a roupa e cabelo. Segue-se o Palácio Central (Xian Tian dian) e o Salão Tai Ji (Tai ji dian). Os trabalhos esculpidos em madeira e pertencentes à estrutura do templo primam pela excelência.

A torre do Sino (Zhong lou) e a torre do Tambor (Gu lou) situam-se lateralmente tal como os recentes edifícios Chao fang, onde se espera para fazer sacrifícios aos deuses. Situadas lateralmente à Estrada de Estelas (碑廊, Bei lang), as salas de exposições, fechadas na nossa primeira visita, abriram a 22 de Junho de 2010 renovadas como Museu de Tianshui, onde exposta se encontram várias Culturas da zona com oito mil anos de História.

“No pátio existem dois grandes ciprestes centenários que os habitantes locais consideram árvores com ling (灵), isto é, dotadas de espírito sobrenatural e por isso, com poder de curar as mais variadas doenças. Por esse motivo os devotos costumam colocar nos seus troncos figuras humanas recortadas em papel e queimar com um pivete de incenso o ponto dessa figura que corresponde ao lugar onde se aloja a enfermidade no doente que lhe roga a sua cura (Tan Manni, na revista China em Construção, vol. IX, n.º 11, Pequim, 1988).” E continuando com a professora Ana Maria Amaro no livro O Mundo Chinês volume I: “anualmente, no dia 16 da primeira lua, dia do aniversário deste mítico imperador realiza-se, ali, uma festividade em sua homenagem.” “O dia 13 da 5ª lua é também dedicado em certos pontos da China ao Rei Dragão.”

Segundo uma lenda, a 45 km de Tianshui, as grutas na Montanha de Maiji, ainda na província de Gansu, tiveram a sua origem com Fu Xi e Nu Wa, cuja tribo a que pertenciam vivia a montante do Rio Wei.

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