FRC | Mostra de Artes da ARTM exibe obras de 25 pacientes a partir de hoje

A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir de hoje, até 9 de Dezembro, “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau, que reúne trabalhos de mais de 25 pacientes em tratamento. Além das obras expostas, a mostra junta fragmentos, episódios, na jornada a caminho da recuperação

 

De dentro para fora, colocando na tela, na peça de olaria, na escultura, medos e fragilidades, o coração, aquilo que custa a sair em palavras. O resultado emocional da criação artística é o núcleo da exposição “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau (ARTM), que é inaugurada hoje, às 18h30, na Galeria da Fundação Rui Cunha.

A mostra, patente até 9 de Dezembro, reúne um conjunto diverso de peças de pintura e artesanato criadas nos últimos 12 meses por mais 25 pacientes, em processo de recuperação na comunidade terapêutica da ARTM.

A expressão artística tem sido uma das vertentes da abordagem terapêutica a problemas de adição desde que a associação existe. “Praticamente desde o início da ARTM, no ano 2000, que usamos a terapia de arte como uma componente para o autoconhecimento e desenvolvimento das capacidades das pessoas”, conta Augusto Nogueira, que preside à associação. A criação permite a busca do sentido de identidade, por vezes perdido entre consumos e vidas duras, a transmissão de sentimentos através da arte, auto-reflexão e a procura de paz interior.

A exposição, patente na Galeria da Fundação Rui Cunha, é um testemunho de um processo que Augusto Nogueira assistiu muitas vezes durante os workshops de terapia da arte. “Vemos a evolução da pessoa, desde a passagem da introversão à extroversão, à capacidade para enfrentar medos, para se soltar”, conta o presidente da ARTM.

Aliado, obviamente, a outras vertentes do processo terapêutico, são trabalhadas valências de comunicação, “musculação” da autoconfiança que atingem o zénite no momento em que as obras são exibidas. “Os pacientes quando vêem os seus trabalhos expostos, com pessoas a gostarem, têm um reforço do ego. Todo este processo resulta em alterações que podemos ver no dia-a-dia”, relata Augusto Nogueira.

Coisas do quotidiano

Os trabalhos manuais e o artesanato aparecem como uma componente importante na vida diária da comunidade da ARTM, como treino vocacional que usa a criatividade.

“A recuperação é uma jornada onde sentimentos e emoções são reconquistados juntamente com a vida de cada um. É o resgate de uma mistura de sentimentos que por vezes é preciso abordar bem devagar. Para muitas pessoas são sentimentos protegidos, muito bem escondidos pela história de cada um. Entender a raiva.

Enfrentar o medo. Sentir a culpa. Aliviar a dor. Conhecer a sensação de segurança e pertença. Descobrir o significado do amor próprio faz parte desta jornada de recuperação. É uma experiência única, feita por cada um que tenha a coragem de reaver a própria vida, ousando sentir”, sublinha a associação no seu projecto de intenções.

Na relação com o poder público, Augusto Nogueira afirma que sempre teve apoio para realizar a componente de terapia de arte no processo de reabilitação. “Foi uma área em que sempre nos apoiaram e motivaram a continuar, também através de apoios financeiros para termos equipamento e materiais, como, por exemplo, rodas de oleiro e o forno para trabalhos de cerâmica”, conta o dirigente da ARTM.

A Associação de Reabilitação de Dependências de Macau é uma organização local sem fins lucrativos, que oferece programas terapêuticos para a recuperação da toxicodependência e outras dependências, como o jogo e o álcool.

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