Diplomacia | EUA e China concordam respeitar acordo sobre Taiwan

Joe Biden e Xi Jinping falaram por telefone e concordaram em respeitar o acordo entre os dois países, datado de 1979, que reconhece Pequim como o único Governo chinês de Taiwan

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos disse ter falado com o homólogo chinês sobre Taiwan e que tinham concordado em respeitar o ‘status quo’, quando as tensões entre Pequim e Taipé estão a aumentar.

“Falei com Xi [Jinping] sobre Taiwan. Concordámos… em cumprir o acordo sobre Taiwan. Deixámos claro que não creio que [ele] deva fazer outra coisa que não seja cumprir o acordo”, disse Joe Biden aos jornalistas, na terça-feira, em Washington, de acordo com a agência de notícias EFE.

Biden parecia referir-se ao ‘status quo’ entre os EUA e a China, no qual Washington reconhece, desde 1979, Pequim como o único Governo chinês, com o entendimento de que Taiwan terá um futuro pacífico.

Esta política é conhecida como “uma só China” e foi adoptada pelo antigo Presidente Jimmy Carter.

Ao abrigo desta política, os Estados Unidos garantem apoio político e militar a Taiwan, mas não prometem explicitamente defender a ilha de um ataque da China, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).

A chamada entre Biden e Xi surgiu depois de Taiwan ter afirmado que as relações com Pequim atravessam “o pior momento em 40 anos” e denunciado que 150 caças chineses entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha, nos últimos dias.

O ministro da Defesa taiwanês, Chiu Kuo-cheng, afirmou que a China será “capaz de encenar uma invasão em grande escala” da ilha até 2025.

Franceses na ilha

Taiwan recebe também desde ontem uma delegação de quatro senadores franceses chefiada pelo antigo ministro francês da Defesa Alain Richard, apesar dos fortes protestos da embaixada de Pequim em Paris.

A delegação francesa tem, entre outros encontros, uma reunião marcada com a chefe de Estado de Taiwan, Tsai Ing-wen.

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros já rejeitou os protestos da República Popular da China afirmando que os senadores são livres de se deslocarem para onde entenderem.

Taiwan já felicitou a delegação francesa por ter resistido às pressões de Pequim.

“Saúdo com sinceridade e dou as boas vindas a Taiwan à delegação francesa chefiada pelo senador Alain Richard. Estou ansiosa por me encontrar com vocês e de trabalharmos juntos no sentido de reforçar as ligações entre Taiwan e a França”, disse Tsai Ing-wen através de uma mensagem que foi divulgada através da rede social Twitter.

“Os senadores efectuam esta visita apesar das ameaças do embaixador da República Popular da China em França, mostrando um empenhamento indefetível em relação ao espírito da liberdade e da democracia”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan em comunicado publicado na terça-feira.

A embaixada da República Popular da China avisou ontem, no portal oficial da embaixada em Paris, que esta visita pode afectar “a imagem de França”, os interesses de Pequim e as relações sino-francesas.

Em Fevereiro, o embaixador chinês em Paris enviou uma carta ao antigo ministro francês da Defesa, Alain Richard, declarando que a visita é “uma violação clara do princípio de uma só China” e que a deslocação “iria transmitir um mau sinal às forças independentistas de Taiwan”.

Membro da maioria presidencial, Alain Richard preside o Grupo de Informação entre o Senado de Paris e Taiwan e já visitou Taipé em 2015 e em 2018.

Richard recusa estar a pôr em causa o princípio de “uma só China”.

 

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