Governo surpreende e encerra postos de testagem antes do previsto

O médico Tai Wa Hou afirmou que o objectivo dos SSM não passa só pelas necessidades da população, mas também por “poupar esforços” do pessoal de saúde. Ontem, foi reconhecida pela primeira vez a existência de casos de infecção local

 

Apesar de ter anunciado que a testagem à população ia ter a duração de três dias, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) fecharam ontem quase todos os postos, ao fim do segundo dia, com um pré-aviso de seis horas. A decisão apanhou a população de surpresa, porque foi tomada sem indicação prévia e durante várias horas não houve informações sobre que postos ficariam a operar, dizendo-se unicamente que “manter-se-á aberta apenas uma pequena parte dos postos”.

Durante a conferência de imprensa sobre a pandemia, o médico Tai Wa Hou foi questionado sobre se o encerramento dos postos não era uma medida “desonesta”. Porém, Tai recusou essa ideia, e sublinhou que o importante é proteger o pessoal médico para “outras batalhas”.

“Logo no início tínhamos dito que gostaríamos de finalizar todos os testes em dois dias, portanto ficámos sempre a monitorizar a situação de todos os postos, a avaliar a distribuição e das recolhas das amostragens”, começou por explicar, o médico para depois justificar a “surpresa”. “Para a população pode parecer que o sistema está cada vez melhor, com base nesta terceira ronda de testes, mas, na verdade, o nosso trabalho é muito pesado […] E o nosso objectivo não é só satisfazer as necessidades da população, mas cuidar do nosso pessoal e poupar esforços para outras batalhas”, acrescentou.

Apesar do encerramento, as pessoas podem fazer as marcações desde as 21h de ontem para os postos de Centro Cultural, Fórum Macau, Centro de Actividades do Patane, Centro Desportivo de Mong Há, Campo da Federação dos Operários e Estádio Olímpico da Taipa.

Por outro lado, nos testes feitos até às 21h de ontem tinham sido efectuados 673.881 testes, dos quais 540.813 tiveram resultados negativos. Entre estes, houve duas amostras positivas, reconheceu Tai, mas depois de terem sido feitos testes individuais, todos os resultados foram negativos: “Houve dois casos de testes de mistura que acusaram positivo. Foram cerca de 20 amostras, mas depois fizemos um teste individual e conseguimos resultados negativos”, explicou.

 

Zona de alto risco

Apesar de na terça-feira os SSM terem recusado que Macau fosse um lugar de médio e alto risco de contágio por covid-19, a cidade de Doumen não se deixou convencer. Logo pela manhã, o distrito de Zhuhai lançou uma directiva a classificar a RAEM como zona de alto e médio risco.

Sobre a classificação, Leong Iek Hou atirou responsabilidades para a capacidade de Doumen lidar com a pandemia: “As cidades e províncias do Interior podem ter diferentes capacidades para assumir os riscos […] respeitamos a decisão”, afirmou.

Durante a conferência, os SSM ainda não sabiam se havia outras províncias ou cidades a adoptarem a mesma classificação para a RAEM.

Contudo, o momento de ontem ficou marcado pelo reconhecimento de que também há casos locais de infecção.

Quando questionado se Macau recusava admitir casos de infecção local para que os números não aparecessem nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Executivo recusou esse cenário. Pela primeira vez foram reconhecidos casos locais. “Na verdade, temos dois tipos de casos: importado e local. […] os casos locais podem ter origem numa infecção local ou num caso conexo a caso importado”, afirmou Tai. “Todos os conhecidos recentemente são casos locais conexos a importados”, acrescentou.

 

Vacina eficaz

Os casos mais recentes em Macau tinham em comum o facto de as pessoas infectadas terem sido inoculadas com a vacina da Sinopharm. Perante isto, os SSM foram questionados sobre a eficácia da vacina proveniente do Interior e se a sua qualidade seria inferior à da BioNTech.

Na resposta, Tai Wa Hou respondeu com a diferente proporção de vacinados: “Afirmar que poderá haver uma relação nas infecções e na vacina Sinopharm é um desentendimento. A maior parte da população está vacinada com a Sinopharm, a minoria é que recorreu à BioNTech, apenas 14 por cento”, afirmou”. Não é verdade que só as pessoas que apanharam a vacina da Sinopharm é que ficam infectadas”, frisou.

No mesmo sentido, Tai recusou também a possibilidade de a vacina fazer com que haja mais casos, pelo contrário. Segundo o médico, se não fosse a vacinação, em vez de “quatro ou cinco casos” poderia haver “mais de mil”.

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