China pede aos EUA que adoptem política “racional” na relação com Pequim

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros disse hoje que os Estados Unidos precisam de “transformar as palavras em ações” e retornar a sua política para a China a um “caminho racional e pragmático”.

Wang Yi, que reuniu, via videoconferência, com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que “Washington indicou recentemente que não quer um confronto ou guerra fria com a China”.

“Mas a chave para isso é transformar as palavras em atos concretos e colocar a sua política em relação à China de volta a um caminho racional e pragmático”, descreveu, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

As relações entre Washington e Pequim deterioraram-se, nos últimos anos, marcadas por disputas no comércio, tecnologia ou Direitos Humanos.

No entanto, na semana passada, o retorno à China da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, após um acordo com as autoridades dos EUA para suspender o seu pedido de extradição – ela estava detida no Canadá – e um processo judicial por fraude, constituiu um raro desenvolvimento positivo na relação entre os dois países.

Após a sua libertação, a China também libertou os canadianos Michael Spavor e Michael Kovrig, que foram detidos numa aparente retaliação pela prisão de Meng no Canadá.

Wang Yi disse ainda, durante outro encontro via videoconferência com o secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, que a “região da Ásia – Pacífico não precisa de um novo bloco militar, nem deve ser motivo de confronto”.

“Pequim está aberta ao diálogo”, numa altura em que a “comunidade internacional precisa de se unir e cooperar”, apontou Wang, acrescentando que a “China não almeja hegemonia ou expansão e quer dividir os seus dividendos com outros países”.

Stoltenberg “saudou a expansão do diálogo entre a NATO e a China” e destacou o “potencial para maior cooperação em desafios comuns, como as alterações climáticas”, segundo um comunicado da NATO.

Mas a mesma fonte apontou também as “preocupações da NATO sobre as políticas coercivas da China, a expansão do arsenal nuclear e a falta de transparência sobre a modernização militar” do país.

Na última cimeira da NATO, realizada em junho passado, os aliados voltaram as suas atenções para a China e no comunicado final indicaram que viam oportunidades de cooperação com Pequim, em questões como controlo de armas ou alterações climáticas, mas alertaram para a crescente influência e a política externa do país que representam desafios para a segurança da Aliança.

Wang também tem hoje agendado um encontro com o Alto Representante para a Política Externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, no quadro da 11.ª ronda do diálogo estratégico de alto nível entre a China e a UE.

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