Tribunal de Hong Kong nega liberdade sob caução a editores do extinto jornal Apple Daily

O Tribunal de Kowloon Ocidental, em Hong Kong, recusou hoje libertar sob caução quatro ex-editores do extinto jornal Apple Daily, crítico de Pequim, acusados de violar a lei da segurança nacional, informou a cadeia pública de televisão RTHK.

Trata-se do editor associado Chan Pui-Man, do responsável da secção em inglês do diário, Fung Wai-kong, do ex-diretor-executivo Lam Man-chung, detido na quarta-feira, e do editor Yeung Ching-kei, todos acusados de conluio com forças estrangeiras, alegadamente por pedirem sanções contra dirigentes de Pequim e de Hong Kong.

Para este tipo de crime, a lei da segurança nacional prevê penas que podem ir até à prisão perpétua. Segundo a agência de notícias Efe, os quatro estão acusados por factos que remontam ao período entre julho de 2020 e abril de 2021.

O juiz Victor So rejeitou o pedido de libertação apresentado pelos advogados de defesa, afirmando que não há elementos que permitam concluir que os quatro “não voltarão a cometer mais atos que ponham em risco a segurança nacional”. A audiência foi adiada até 30 de setembro.

Conhecido pelas críticas ao Governo chinês e ao Executivo local, o diário foi obrigado a encerrar em 24 de junho, após 26 anos de existência, depois da detenção de vários funcionários e do congelamento dos bens do grupo de comunicação a que pertencia.

Em 17 de junho, mais de 500 polícias invadiram as instalações do jornal, numa operação que resultou na detenção de cinco responsáveis e no congelamento de bens no valor de 18 milhões de dólares de Hong Kong de três empresas ligadas ao Apple Daily.

Fundado em 1995, o Apple Daily foi um firme apoiante do movimento pró-democracia e dos protestos antigovernamentais que abalaram o território em 2019. O proprietário do diário, o magnata Jimmy Lai, cumpre atualmente uma pena de vários meses de prisão pela participação nas manifestações, e enfrenta ainda acusações por “conluio com forças estrangeiras”. Cerca de mil empregados do grupo de comunicação detido por Lai perderam o emprego, incluindo 700 jornalistas.

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