Euro 2020 | Itália alcança triunfo frente à Áustria no prolongamento

Sabendo que o favoritismo pendia para o seu lado, os transalpinos dificultaram a passagem aos quartos de final. Em jogo contra os austríacos, a Itália precisou do prolongamento para vencer por 2-1, depois do susto do golo adversário perto do fim do prolongamento. Com as facilidades da fase de grupos, os italianos tiveram alguma dificuldade em ultrapassar uma equipa mais competitiva na fase a eliminar

 

Por Martim Silva

No primeiro teste de fogo para a equipa de Roberto Mancini, os italianos receberam a Áustria em terras de Sua Majestade. O estádio de Wembley, em Londres, presenciou o segundo jogo dos oitavos de final do Euro 2020 e o frente-a-frente entre um dos favoritos a conquistar a prova e uma equipa que é um verdadeiro osso duro de roer.

Durante a fase de grupos, os austríacos só perderam contra os Países Baixos, tendo vencido de forma convincente a Macedónia do Norte e a Ucrânia. Para a Itália, a passagem de grupo foi perfeita. Zero golos sofridos e três vitórias. Mas numa situação onde quem perde vai para casa, a faísca estava ainda mais elevada e a pressão mais sufocante.

O jogo entre países vizinhos começou com o já habitual domínio do jogo por parte dos azzurri. Com um meio-campo composto por Jorginho, Marco Verratti e Nicolò Barella, a pressão após a perda da bola continuou activa e com algumas recuperações de bola.

A Áustria, contudo, mostrou-se incapaz de explorar os espaços deixados pela organização defensiva italiana. Quando a equipa de Franco Foda decidia construir jogo a partir da sua grande área, a Itália era variada na sua pressão.

Quando os defesas centrais austríacos tinham a bola, um dos médios italianos saía na pressão: se fosse o central do lado direito com o esférico, era Barella; e se fosse o do lado esquerdo era Verratti. Se os médios saíssem de posição para condicionarem o ataque da Áustria, havia espaço nas costas destes. Mas se fossem os alas a pressionar em vez dos médios, isto é, Lorenzo Insigne na pressão ao lado esquerdo e Domenico Berardi ao lado direito, a capacidade ofensiva fluía com facilidade pelas alas após combinação com o seu meio-campo.

No início da partida, foi com esta vertente ofensiva que a equipa de Foda tentou atacar os espaços deixados pelos transalpinos. David Alaba, lateral esquerdo, tinha sempre margem de progressão com a bola após combinação com o seu compatriota, o médio Florian Grillitsch. Na chegada ao meio-campo adversário, as combinações eram mais fracas e a chegada à área também.

A primeira grande oportunidade do jogo da Áustria foi com um ataque à profundidade de Marko Arnautović mas o remate foi para cima da baliza de Gianluigi Donnarumma. Minutos antes, aos 16 minutos, Barella já tinha testado a baliza do guarda-redes Daniel Bachmann, que defendeu o remate do médio com os pés.

Porém, com a Itália a ter mais bola, as combinações feitas no lado esquerdo do ataque de Mancini, com Verratti, Insigne e Leonardo Spinazzola em destaque, eram mortíferas e criaram várias oportunidades de perigo.

A dificuldade que o meio-campo de Foda demonstrou em controlar o ataque italiano estava na inferioridade numérica austríaca nesta zona do terreno. A Áustria, por vezes só tinha um elemento (Grillitsch) no meio porque Marcel Sabitzer posicionava-se ao lado do ponta de lança, Arnautović, e Xaver Schlager tinha dificuldade em recuperar a sua posição porque fazia incursões pela direita.

Portanto, o espaço explorado pelos italianos, na parte interior do lado esquerdo do terreno, onde estava Insigne, foi crucial no primeiro golo da Itália. Pelo meio, houve ainda um remate ao poste de Ciro Immobile numa primeira parte pouco perigosa. Na segunda parte do encontro, a Áustria viu um golo de Arnautović ser anulado por fora-de-jogo aos 64 minutos.

Alterações cruciais

Com o prolongamento à vista, Roberto Mancini trouxe para dentro de campo, ainda na segunda metade, Matteo Pessina, Federico Chiesa e o avançado Andrea Belotti. Este último trouxe um melhor jogo com bola do que Immobile. Já Pessina e Chiesa deram à equipa mais chegada à área e ataque à profundidade.

Aos 95 minutos, com espaço no lado esquerdo de Itália, e com os arrastos de Belotti e Pessina, Spinazzola faz um passe para o lado contrário a isolar Chiesa, que ao controlar a bola com a cabeça finta Konrad Laimer e finaliza com o pé esquerdo.

Aos 105 minutos e com assistência do defesa Francesco Acerbi, Pessina remata dentro da grande área, fazendo o segundo golo.

A seis minutos do fim do prolongamento, após um canto, o avançado Saša Kalajdžić marca um golo de cabeça. Mas tudo não passou de um susto para a Itália.

No final do jogo, Mancini deixou o alerta de que a vitória frente à Áustria foi mais difícil que um possível confronto frente a Bélgica ou Portugal. “Sabíamos que poderia haver potenciais cascas de banana no encontro e que ia ser mais difícil que os quartos de final. Eles não são tão bons como as equipas dos quartos, mas dificultam muito a vida e causam problemas.” Sentenciou o treinador azzurri que fica agora à espera do vencedor do jogo entre belgas e portugueses.

 

França e Espanha lutam por lugar nos quartos

Croatas e espanhóis já se tinham defrontado em 2016, para o Grupo D do Euro e resultado foi favorável aos axadrezados (2-1), que acabaram como líderes desse mesmo grupo.

Os moldes são agora diferentes, no confronto que dá lugar aos quartos de final do Euro 2020. A Espanha vem de uma fase de grupos onde não acabou em primeiro, tendo empatado por duas vezes e ganho apenas uma. A Croácia, com Luka Modrić em destaque, perdeu, venceu e empatou acabando também em segundo lugar.

O encontro entre dois velhos conhecidos, em Copenhaga, está marcado para a 00h de segunda para terça-feira, hora de Macau.

Antevendo o encontro, o treinador croata Zlatko Dalić realça a competência da sua equipa e do adversário. “A Espanha mostrou muita qualidade frente à Eslováquia. Mas nós também temos qualidade e vamos dificultar-lhes a tarefa. Teremos em mente que o ataque pode ser uma forma de defesa.”.

Assumindo a posição de favorita no encontro, a La Roja é também um dos candidatos a vencer o Euro. Mas com o seu seleccionador habituado aos grandes palcos europeus, prudência é a chave do sucesso. “Enfrentamos a Croácia em Copenhaga, uma cidade bonita, e toca-nos uma equipa de alto nível, com jogadores que conhecemos muito bem porque jogámos contra eles na Liga das Nações há dois anos, ou seja, será um rival complicado.” Concluiu o Luis Enrique.

No outro encontro da noite, a França defronta a Suíça em solo romeno. O palco de Bucareste recebe duas equipas que também já se cruzaram na fase de grupos de 2016, tendo empatado a zeros. O jogo disputado às 03h de Macau é visto com cautela pelos gauleses. “Agora é como se fosse uma nova competição, onde não se podem cometer erros, caso contrário somos eliminados. Estamos entusiasmados, mas também muito concentrados e cientes do perigo que a Suíça pode criar. Não nos consideramos favoritos.” Esclareceu Presnel Kimpembe, defesa francês. Ivan Perišić, extremo croata testou positivo à covid-19 no domingo, falhando o encontro.

 

Dinamarca tem bilhete para os quartos de final

Após derrotas consecutivas na fase de grupos (Finlândia e Bélgica) e um triunfo frente à Rússia na última partida do Grupo B, a Dinamarca voltou a golear.

Depois da situação em torno de Christian Eriksen, a equipa nórdica tem mostrado espírito guerreiro fazendo lembrar a equipa de 1992, que conquistou o Euro nesse ano.

País de Gales e Dinamarca foram as primeiras equipas a subir ao palco dos oitavos de final do Euro 2020. Já não há diferença de golos ou número de pontos que salvem as equipas de irem para casa. Com esta mentalidade, o conjunto de Kasper Hjulmand goleou por 4-0 a equipa de Rob Page de forma clara.

Apesar do resultado, a equipa galesa até começou bem a partida com Gareth Bale e Aaron Ramsey a conseguirem entrar nas costas dos médios dinamarqueses, Pierre Højbjerg e Thomas Delaney. Com um espaço muito aberto no seu meio-campo, devido à superioridade numérica causada pelos médios Joe Allen e Joe Morrell com o apoio de Ramsey, Hjulmand decidiu acrescentar mais um homem à zona média do terreno.

O treinador nórdico passou assim do 3-4-3 inicial para um 4-3-3, subindo o central Andreas Christensen para o meio-campo. Antes da mudança, a Dinamarca mostrou-se exposta no momento de organização defensiva devido ao adiantamento da linha média em relação à linha defensiva, criando espaço entre os dois sectores.

Com a alteração, tiveram mais bola e foram mais incisivos nas tabelas e no último passe. O primeiro golo da partida foi marcado por Kasper Dolberg aos 27 minutos. Aos 48 minutos, o avançado do Nice voltou a marcar depois de um erro da defesa adversária.

Nos minutos finais, os dinamarqueses marcaram mais dois por intermédio de Joakim Mæhle (88’) e Martin Braithwaite (90+6’).

Aos 90 minutos, Harry Wilson, que tinha entrado aos 59 minutos, viu um cartão vermelho directo após entrada sobre Mæhle. A Dinamarca aguarda o vencedor do Países Baixos-República Checa.

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