EventosHistória | Primeiro escrito de um chinês sobre Europa e Portugal em fase de tradução Andreia Sofia Silva - 6 Mai 2021 O Observatório da China associou-se à Universidade de Macau e à Academia de Ciências Sociais de Cantão para concretizar o projecto de tradução da primeira crónica escrita por um chinês sobre Portugal e a Europa, e que data de finais do século XVIII. Rui Lourido, presidente do Observatório da China, fala de um trabalho “complexo”, que já dura há oito anos Está em fase de tradução, há oito anos, a primeira crónica escrita por um chinês sobre o mundo ocidental, com foco em Portugal e na Europa. A língua usada no antigo documento é o cantonense dos finais do século XVIII, o que acrescenta uma enorme complexidade ao projecto, segundo contou ao HM Rui Lourido, presidente do Observatório da China, que propôs a publicação da crónica produzida em Macau. O projecto tem vindo a ser desenvolvido com os especialistas da Academia de Ciências Sociais de Cantão e com a Universidade de Macau (UM), incluindo o apoio da Fundação Macau (FM). “Temos uma equipa de investigação composta por uma série de professores, e temos o próprio Yao Jingming [da UM] a levar este projecto para a frente. Há oito anos que tentamos encontrar apoios e temos vindo a estudar a crónica. A FM dá o seu apoio, mas é necessária uma equipa de investigação, uma vez que se trata de um trabalho histórico demorado.” O objectivo é publicar a crónica em livro e também online, em três línguas, incluindo o português e o inglês, uma vez que apenas foi publicada na China no início do século XIX, no idioma original. Em Macau A crónica nasce “de uma história interessantíssima”, conforme contou Rui Lourido. “Trata-se de um chinês que naufraga nos mares da China, junto ao Japão, e é salvo por uma embarcação portuguesa. Ele aproveita e vem de viagem até ao Ocidente e descreve todo o trajecto.” Segue-se um período de 15 anos de vivência na Europa, incluindo a presença em Portugal. No texto, é feita a descrição “dos usos, costumes, fortalezas, cidades” que visita e, aquando do regresso, o autor da crónica fica em Macau. Acaba por ficar cego e é no território que dita tudo aquilo que viu “a um amigo mandarim”. “É esse o escrito que vem a ser publicado já depois da sua morte. Mas trata-se de uma escrita em chinês dos finais do século XVIII, e estamos com algumas dificuldades na localização dos topónimos”, descreveu Rui Lourido. Por fases Outro projecto em desenvolvimento pelo Observatório da China é a grande biblioteca digital Macau-China, que já conta com mais de 200 mil páginas gratuitas disponíveis com todas as obras publicadas sobre Macau e China entre os séculos XVI e XIX. “Há textos em português e o projecto é apoiado pela FM. Tem uma série de fases e vai-se desenvolvendo”, disse Rui Lourido. Actualmente está a ser introduzida a cartografia sobre Macau e a China correspondente aos séculos XVI e XIX.