Livro junta 75 escritores lusófonos sobre a pandemia para promover português

Um livro que junta 75 escritores lusófonos sobre a covid-19 e a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, são iniciativas do plano da comissão temática para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, ontem apresentado.

O novo plano “tem iniciativas que vão de África ao Brasil, grande polo de difusão da língua portuguesa, naturalmente, pelo seu peso demográfico, mas também à Ásia, que tem na ponta do continente a China, e onde fica Macau, com mais de 500 anos de utilização e promoção da língua portuguesa”, afirmou Rui Lourido, o novo coordenador da comissão temática para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O organismo é coordenado desde janeiro pela UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, e integra 14 instituições, todas com estatuto de observadores consultivos da CPLP.

“A China é dos países que, não tendo como língua-mãe o português, é neste momento aquele que é o mais responsável, em maior quantidade, pela promoção de professores e de técnicos tradutores da língua portuguesa no mundo”, salientou Rui Lourido, que fez uma apresentação muito genérica do plano de promoção da língua portuguesa, durante o primeiro de um ciclo de debates, que se iniciou hoje, no âmbito das comemorações do 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

Segundo o responsável da comissão, as iniciativas do novo plano “são também, do ponto de vista tipológico, altamente abrangentes e diversificadas” e vão desde encontros literários, conferências, projetos literários, como a construção, em livro, das reações de 75 escritores do mundo da língua portuguesa à pandemia de covid-19″, e que a UCCLA lançará em 5 de maio.

O livro, com o título “Literatura e cultura em tempos de pandemia”, é editado pela UCCLA, com distribuição da editora Guerra e Paz. Outro dos destaques é a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que está prevista para julho, depois de ter sido atingido por um grande incêndio que destruiu as instalações, em dezembro de 2015.

Prémios literários, bibliotecas, digitais e físicas, cursos de língua portuguesa nos vários territórios, fazem também parte do plano.

‘A língua vai ao comércio local’, iniciativa da câmara da cidade espanhola de Olivença, que está a ser implementada junto de lojas e mercados locais, bem como exposições e feiras do livro, concertos, bailados, teatros e recitais de poesia, oficinas lúdico-didáticas e ciclos de cinema, programas de rádio e festivais contam também com apoios do plano.

O plano para 2021 tem “abrangência temporal, com iniciativas que ficarão permanentemente ao dispor de todos, nomeadamente as bibliotecas digitais ou as plataformas on-line, onde se realizam atividades, mas tem também outras temporárias, conferências e debates”, adiantou o, também, coordenador cultural da UCCLA.

Do ponto de vista geográfico, são envolvidos Brasil, Macau, Cabo Verde, Espanha, Guiné-Bissau, Índia, Portugal e Timor-Leste, disse. Porém, ressalvou, “este é um plano de trabalho em desenvolvimento”, e a ideia é chegar “a outros locais e outras geografias, se não em 2021, em 2022, durante o biénio” em que a UCCLA será coordenadora da comissão.

O ciclo de debates que arrancou ontem, da iniciativa da CPLP, tem como tema a “Promoção e difusão da língua portuguesa: Estratégias globais e políticas nacionais” e conta com quatro sessões em formatos presencial e online, com a apresentação de painéis e discussão em mesas-redondas, nos quais participam representantes dos Estados-membros, dos observadores associados e consultivos daquela organização e outras instituições da sociedade civil.

O 5 de maio foi instituído como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, em 20 de julho de 2009. Na sua intervenção, Rui Lourido considerou “uma honra poder juntar a qualidade académica de uns e técnica e cultural e literária de outros na promoção da língua comum”, referindo-se às 14 instituições que compõem a comissão, criada em 2013.

Rui Lourido aproveitou ainda a ocasião para anunciar que a UCCLA vai apresentar, a 5 de maio, o resultado do prémio Novos Talentos em Língua Portuguesa, já na sua sexta edição, que contou com a concorrência de 700 obras de autores residentes em 21 países.

A UCCLA sucedeu na coordenação da comissão à Fundação Calouste Gulbenkian. A CPLP conta com nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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