EventosAFA | Art Garden recebe “A Way to Exist, Away to Exist”, nova exposição de Alice Kok Andreia Sofia Silva - 18 Nov 20204 Dez 2020 É já este sábado, dia 21, que é inaugurada no espaço Art Garden a exposição “A Way to Exist, Away to Exist”, da autoria de Alice Kok. Desta vez, a artista apostou num trabalho multicultural, feito entre Macau e o Tibete, e que revela o contraste entre a natureza e a ocupação pelo ser humano, com as estruturas artificiais por si criadas [dropcap]A[/dropcap] artista Alice Kok está de regresso às exposições em nome individual com “A Way to Exist, Away to Exist”. A mostra será inaugurada este sábado, dia 21, no espaço Art Garden, da associação AFA – Art for All Society, onde estará patente até ao dia 18 de Dezembro. Esta é uma exposição onde Alice Kok, que preside ainda à AFA, decidiu apresentar um conjunto de trabalhos que “exploram a troca entre a prática espiritual e a comunidade usando a produção de imagem, objectos, entrevistas e pintura”. A ideia para esta exposição começou a ser trabalhada no Tibete, para onde a artista viaja com frequência. A pandemia da covid-19 obrigou-a a repensar a ideia e a trabalhá-la em Macau, o que faz com que esta mostra tenha obras dos dois lugares. “Comecei esta exposição o ano passado com algumas imagens que tirei no Tibete. Este ano tinha planeado regressar e continuar esta série de imagens, mas depois não consegui regressar devido à pandemia. Tenho estado em Macau este ano e comecei a pensar em fazer algo aqui, continuando a ideia que tive no Tibete, onde captei imagens da paisagem e de estruturas artificiais à volta”, contou ao HM. Alice Kok criou então este contraste sobre a forma como existimos na natureza e recriamos estes espaços à nossa medida. “No Tibete o meio ambiente natural está rodeado por estruturas artificiais criadas por humanos, ou por uma arquitectura mais comercial. Quando voltei para Macau percebi que também temos lugares assim. Temos as ilhas, temos terra reclamada ao mar. Em muitos destes locais há posters que mostram aquilo que vai ser construído. Temos o Galaxy, por exemplo, onde se vê como vai ser o novo hotel. Trabalho com isso mas faço uma pixelização das imagens, colocando as partes que deveriam pertencer à natureza”, explicou a artista. Além desta modificação da imagem, Alice Kok coloca também, em alta definição, “as imagens do que é suposto ser o futuro, mas que ainda não existe”. “É um paradoxo em como se pode sobreviver, em como somos parte da natureza mas, ao mesmo tempo, construímos muitos espaços artificiais à sua volta. Parece que não vemos a realidade como é, vemos, ao invés disso, imagens dos espaços artificiais que estamos a construir. O título da exposição é a minha forma de interpretar esta questão existencial”, frisou. Sonho meu Além do trabalho feito em fotografia e com a modificação das imagens, Alice Kok apresenta também uma instalação de vídeo, com o nome “Through the Looking Glass”. “Convidei pessoas da comunidade, amigos de amigos, a virem ao meu atelier e a contarem-me os seus sonhos, mas uso mosaicos para cobrir a identidade das pessoas. Tudo isto é também sobre privacidade, porque os sonhos podem revelar o inconsciente da pessoa, é algo muito íntimo. Aqui há também muita comunicação porque adoptei o formato de entrevista”, contou a artista. Alice Kok decidiu também colocar, do lado de fora do edifício do Art Garden, alguns excertos de um livro auto-biográfico que começou a escrever no Tibete. Esses excertos serão acompanhados por caracteres chineses de cor amarela. “Isso também envolve muito a comunidade, porque quem passa por ver os cartazes, são mensagens que podem ser vistas por todos.” Esta é, sobretudo, uma mostra onde se revela a relação da artista ao nível da identidade, escrita e paisagem, experiências que são “pessoais e que são partilhadas com outros”. Para a AFA, “as fotografias da artista tiradas em Macau e no Tibete têm em conta a produção de identidades interculturais. Alice Kok distorceu parcialmente as imagens convidando-nos a ver novamente a relação com o movimento e a comunicação com lugares distantes. Estes temas, abstractos para muitos de nós, têm um significado directo para a artista, cuja família está separada entre estes dois lugares”.