China / ÁsiaPequim | Confinamento parcial e localizado assegura normalidade Hoje Macau - 22 Jun 2020 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Pequim continuaram ontem a testar milhares de pessoas e garantiram ter a situação sob controlo, após medidas de confinamento localizado e parcial terem assegurado a normalidade em grande parte da capital chinesa. A capital chinesa somou 205 casos, nos últimos oito dias, e optou por adoptar medidas de confinamento parcial, que incluem a suspensão de todas as aulas presenciais no ensino básico, médio e superior, e a recomendação aos residentes para que trabalhem a partir de casa. Comunidades em áreas de “alto risco”, com casos confirmados, sobretudo no distrito de Fengtai, no sul da cidade, foram seladas e os moradores proibidos de se deslocarem. Bibliotecas, museus e parques permanecem abertos, mas por tempo limitado e com capacidade não superior a 30 por cento do limite. Quem quiser sair de Pequim deve primeiro apresentar um teste negativo para o novo coronavírus, realizado nos sete dias anteriores à partida. Trata-se de “bloquear resolutamente os canais de transmissão da epidemia e não de um bloqueio” da capital, defendeu um funcionário municipal Pan Xuhong, em conferência de imprensa. A vida já tinha retornado ao normal em Pequim depois de dois meses sem qualquer caso, mas o surgimento, na semana passada, de um novo foco de infeção, aumentou o estado de alerta. A epidemia na capital, no entanto, está “sob controlo”, garantiu o epidemiologista chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da China, Wu Zunyou. “Isto não significa que não haverá novos casos amanhã. Mas […] serão cada vez menos”, assegurou. Em grande parte da capital chinesa, os espaços comerciais e restaurantes permanecem abertos e as ruas estão movimentadas. Funcionários de restaurantes, universidades ou mercados foram sujeitos a testes de ácido nucleico, como condição para manter os negócios abertos. As autoridades testaram centenas de milhares de pessoas, desde que o surto foi detetado. Imagens difundidas nas redes sociais mostram filas ao longo de avenidas inteiras, com milhares de pessoas a aguardarem para realizar o teste em diferentes partes da capital chinesa. Ao decretar o segundo nível de emergência, os comités de bairro voltaram a verificar a identidade e o estado de saúde dos residentes e a medir a temperatura à entrada em algumas zonas da cidade. Salmão e falências O Conselho de Estado chinês divulgou também ontem um conjunto de directrizes para impedir a propagação do vírus durante o Verão e aconselhou os residentes a limparem regularmente os aparelhos de ar condicionado. “Se o coronavírus circula pelo ar, há risco de contágio, mesmo que seja baixo. Por isso, aconselhamos que os aparelhos de ar condicionado sejam verificados e desinfectados”, disse um funcionário, em conferência de imprensa. O executivo enfatizou que a população deve acostumar-se a ser “flexível” e a respeitar as medidas adoptadas, dependendo do nível de emergência. O mesmo funcionário rejeitou a possibilidade de o surto ter tido origem em salmão importado, contrariando a tese avançada pela imprensa estatal e responsáveis do município de Pequim. “Temos que manter uma atitude científica”, disse. Nos supermercados da capital chinesa, o salmão desapareceu esta semana das prateleiras, enquanto nas aplicações de entregas ao domicílio, como o Eleme ou o Meituan, pratos com aquele peixe passaram a estar indisponíveis. “Tivemos que tirar o salmão do menu”, explicou a funcionária de um restaurante à agência Lusa. “Muitos clientes ficaram preocupados”, disse. Numa altura em que vários espaços comerciais, outrora com restaurantes sempre cheios e com fila à porta, surgem abandonados em Pequim, ilustrando a vaga de falências no sector, a hipótese de que a cadeia alimentar possa ter contribuído para o novo surto ameaça os que sobreviveram. “Houve muitos restaurantes que encerraram na primeira vaga”, contou um ‘chef’ estrangeiro radicado na capital chinesa. “Agora, vamos levar a machadada final”, previu. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 456 mil mortos e infectou mais de 8,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.