WTCR | Equacionado calendário sem GP Macau

O Europort Events e a Federação Internacional do Automóvel (FIA) deverão apresentar muito em breve um novo calendário de seis eventos para a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR). Segundo diversas fontes, este calendário deixará o Grande Prémio de Macau de fora e incluirá apenas provas na Europa

 

[dropcap]A[/dropcap]ntes da pandemia da COVID-19, a WTCR já estava debilitada, com a retirada do apoio de fábrica às equipas do campeonato por parte da Audi, SEAT e Volkswagen, o que despoletou a saída de várias equipas, como a KCMG, WRT, PWR Racing ou a Sébastien Loeb Racing. A crise sanitária apenas agravou mais a situação. Os sucessivos cancelamentos das provas de Hungaroring, Nurburgring e de Vila Real obrigaram a organização a tomar medidas drásticas.

“Um calendário revisto da WTCR está pronto e foi entregue à FIA para aprovação”, clarificou François Ribeiro há duas semanas. O Eurosport Events e a FIA estavam a trabalhar numa época compacta, com início no final de Agosto e final no mês de Novembro. Sabendo que só por uma ocasião na sua história o promotor da WTCR, e antes do WTCC, fretou transporte aéreo, as probabilidades da competição ser realizada em dois continentes em tão curto espaço de tempo são de facto pequenas.

De acordo com o portal motorsport.it, a organização da Taça do Mundo teme que não seja possível realizar a segunda parte do campeonato na Ásia, devido às restrições das deslocações entre países, para além da dificuldade que existe hoje em realizar planos para o último trimestre do ano. A ideia do promotor do campeonato será permanecer no “velho continente”, onde as viagens serão na teoria menos problemáticas e menos onerosas, até porque todas as equipas têm a sua base operacional na Europa.

Gyárfás Oláh, o presidente da Federação Húngara de Automobilismo (MNASZ na sigla inglesa), disse à publicação Daily News Hungary que o seu país, que tinha a sua prova marcada para Abril e foi obviamente cancelada, que a prova magiar está novamente bem posicionada para receber a caravana da WTCR. “O promotor está a pensar num calendário completamente novo que irá saltar todas as provas asiáticas e terá apenas as europeias, incluindo o Hungaroring”, revelou Gyárfás Oláh.

O Eurosport Events só irá prestar declarações sobre o calendário assim que este for publicado. Para além de Macau, em 2020 a WTCR tinha provas calendarizadas no continente asiático para os circuitos Ningbo (China), Inje (Coreia do Sul) e Sepang (Malásia).

Tiago Monteiro às escuras

Numa entrevista ao portal da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Tiago Monteiro, que renovou com a Honda para disputar esta terceira temporada da WTCR, disse que “sinceramente não sei em que moldes (o campeonato) irá regressar”. Contudo, o piloto luso que venceu a Corrida da Guia em 2016, não está muito optimista quanto ao campeonato, pois devido à crise sanitária, “não se vai perder tudo, mas uma grande parte vai ficar pelo caminho.”

Monteiro, que guiará um dos quatro Honda Civic TCR já inscritos no campeonato pela Münnich Motorsport, parece naturalmente preocupado com o futuro do automobilismo no geral. “Não é apenas a questão de adiar ou cancelar provas, é toda uma componente económica que está neste momento a ser arrasada. Vai ser difícil recuperar e certamente muitas equipas, empresas e projectos desportivos vão ficar pelo caminho”, referiu o portuense.

Impacto modesto

Mesmo que se confirme a ausência da WTCR do programa do 67º Grande Prémio de Macau, que está agendado para 19 a 22 de Novembro, isto não significa um sério revés para o evento. Ninguém acredita que a Corrida da Guia, cuja primeira edição foi disputada em 1972, possa desaparecer, até porque esta não precisar de estar dependente de um qualquer campeonato para se realizar.

Quando o WTCC esteve afastado da RAEM durante dois anos, em 2015 e 2016, a Corrida da Guia realizou-se, utilizando uma regulamentação técnica que permitiu que fosse disputada com estas mesmas viaturas TCR, que hoje compõem a Taça Mundial. Repetir esse percurso certamente não será difícil, até porque existirão no continente asiático mais de uma centena de carros da categoria TCR, provenientes dos diversos campeonatos nacionais da especialidade, que poderão participar na prova que ainda hoje, quase cinquenta anos depois, é a mais prestigiada de carros de Turismo da região.

Antes de fazer parte do calendário do WTCC, de 2005 a 2015 e depois em 2017, a Corrida da Guia contou em 1994 para o Campeonato Ásia-Pacifico de Carros de Turismo e de 2000 a 2003 fez parte do calendário do defunto Campeonato da Ásia de Carros de Turismo. As outras edições foram sempre “extra-campeonato” e não consta que alguma vez tivesse existido falta de interesse. Devido à expressão que a prova tem no mercado asiático, é altamente provável que as principais marcas interessadas nesta disciplina se deslocarão ao Circuito da Guia de qualquer forma.

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