Portugal | Equipamento médico oriundo da China está assegurado

[dropcap]O[/dropcap] embaixador português na China disse ontem que a compra e fornecimento a Portugal de equipamento médico essencial no combate à epidemia do novo coronavírus, incluindo ventiladores, “está a ser garantida”, apesar da forte procura mundial.

José Augusto Duarte justificou o atraso na entrega dos ventiladores e outro equipamento com a competição entre Estados pelo acesso a material e interrupções nas cadeias de fornecimento, numa altura em que vários países se encontram em estado de emergência.

Sessenta e cinco ventiladores comprados pelo Governo português a uma empresa chinesa chegaram no fim de semana a Lisboa, com alguns dias de atraso.

Há uma semana, a ministra da Saúde portuguesa disse que a entrega de 508 ventiladores encomendados à China estava atrasada.

A forte procura por equipamento médico criou disfunções no mercado, numa altura em que a crise de saúde pública, que começou em Wuhan, no centro da China, se alastrou à Europa, Estados Unidos e outras regiões do planeta, resultando numa escassez global.

Em entrevista à agência Lusa, em Pequim, o diplomata garantiu que Portugal tem tido “toda a atenção por parte das autoridades chinesas e respectivos produtores no processo de compra e transporte de equipamento. “Nas existe tratamento menos favorável a Portugal em detrimento de outros estados”, apontou. “Temos conseguido de facto comprar o material que procurávamos e garantir o fornecimento”, disse.

A falta de ventiladores, face ao súbito aumento de pacientes em cuidados intensivos, levou a situações dramáticas em vários países, que foram forçados a fazer triagem dos pacientes no acesso aos cuidados intensivos e a deixarem morrer outros.

“É uma situação extremamente grave e dramática, que felizmente não temos em Portugal, nem estamos perto de ter”, disse José Augusto Duarte.

Lembrando que Portugal tem, neste momento, “mais ventiladores do que pessoas nas unidades de cuidados intensivos”, o diplomata ressalvou que é “importante continuar a procurar e enviar todo o material” para assegurar que, “caso haja um surto que se descontrole”, o país está “totalmente preparado para situações mais dramáticas”.

Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infecção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia. Das pessoas infectadas, 1.208 estão hospitalizadas, das quais 215 em unidades de cuidados intensivos.

Antes e depois

Questionado sobre as acusações feitas ao regime chinês por alguns líderes mundiais, de encobrimento nos estágios iniciais do surto e subsequente manipulação do número de infectados e mortos, o embaixador português respondeu que a análise sobre aquilo que se passou deve ser deixada para depois.

“Quando estamos no turbilhão dos acontecimentos, tirar conclusões pode ser precipitado”, notou.
“Devemos deixar passar os acontecimentos, para, de forma fria e analítica, ver efectivamente o que poderá ter acontecido, e tomar as devidas medidas correctivas”, acrescentou.

As autoridades de Wuhan, a cidade no centro da China onde começou o surto do novo coronavírus, em Dezembro passado, reviram na sexta-feira o número de mortos em mais 1.290, num aumento de cerca de 50 por cento, para 3.869.

Mesmo com esta actualização, a taxa de letalidade da doença em quase todos os países europeus e nos Estados Unidos é quase o dobro do registado na China. Admitindo que há dados “contraditórios”, que devem ser “investigados” e “explicados”, o diplomata lembrou que as autoridades em todo o mundo conheciam já o “suficiente” para “pelo menos ficarem preocupadas com o assunto”.

“Eu convido as pessoas a verificarem também o que se dizia na Europa há três meses: os alertas que as comunidades médica e científica europeia deram sobre o assunto são hoje completamente diferentes do que eram”, notou.

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