Hotel Fortuna | Trabalhadores forçados a assinar declaração acabam despedidos

O Hotel Fortuna pediu a 20 trabalhadores não residentes para assinar uma declaração onde tomam conhecimento do seu despedimento, fazendo-os acreditar que seriam dispensados de trabalhar apenas durante dois meses. Alguns funcionários já trabalhavam na empresa há 12 anos

 
[dropcap]N[/dropcap]ove trabalhadores não residentes de dois espaços de entretenimento localizados no interior do Hotel Fortuna acabaram despedidos, acreditando estar apenas dispensados de trabalhar pelo período de dois meses, após terem sido convencidos a assinar uma declaração redigida em chinês que não conseguiam ler.
Os trabalhadores, oriundos do Vietname, Filipinas e Indonésia, estavam empregados no Fortuna Night Club e no Supreme Sauna, localizados no interior do Hotel Fortuna, no ZAPE (Zona de Aterros do Porto Exterior), de acordo com informações avançadas ontem pelo Macau Daily Times. A tomada de posição da empresa responsável pela exploração dos dois espaços está relacionada com o anúncio do encerramento dos casinos e espaços de entretenimento durante duas semanas, decretado pelo Governo na passada terça-feira, como medida de contenção do surto do novo tipo de coronavírus.
De acordo com a mesma fonte, o Hotel Fortuna terá alegadamente dito aos trabalhadores que estariam dispensados de trabalhar durante dois meses devido ao encerramento anunciado pelo Governo de duas semanas e que para o efeito teriam de assinar uma declaração onde constava esse mesmo conteúdo. No entanto, de acordo com o Macau Daily Times que teve acesso ao documento redigido em chinês, contrariamente ao que a empresa disse aos trabalhadores, a declaração atesta que “a situação laboral terminou, tendo sido entregues todas as remunerações devidas”.

Alta pressão

Segundo um representante dos trabalhadores da instituição, que pediu para não ser identificado segundo a mesma fonte, nove dos funcionários que estiveram de serviço durante a noite de quarta-feira já assinaram a declaração, enquanto outros 20, todos não residentes, foram instruídos para fazer o mesmo até às 18 horas de ontem.
Uma das funcionárias afectadas confirmou ter sido induzida a assinar a carta por não saber ler caracteres chineses, afirmando que o documento foi apresentado ao mesmo tempo que os trabalhadores recebiam os salários de Janeiro. Alguns funcionários, avançou o Times, já trabalhavam para o Hotel Fortuna há 12 anos.
Recorde-se que todos os trabalhadores não residentes devem obrigatoriamente ter uma autorização de trabalho para exercer funções laborais em Macau, sendo que, em caso de cessação do contrato de trabalho, os ex-funcionários têm oito dias para sair da cidade antes de estarem em situação de incumprimento.
Ao saber o conteúdo que constava realmente no documento que foram induzidos a assinar, os trabalhadores procuraram obter ajuda junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). No entanto, não tiveram sucesso nem sabem agora como proceder, devido ao facto de a DSAL estar encerrada juntamente com outros serviços públicos, de acordo com as medidas decretadas pelo Governo.
O HM entrou em contacto com a DSAL para obter esclarecimentos acerca do caso mas, apesar de ter confirmado a situação, até ao fecho da edição não forneceu mais detalhes acerca dos trabalhadores do Hotel Fortuna.

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