Dez anos

[dropcap]C[/dropcap]hui Sai On fez o balanço de uma década de governação na terça-feira. Tirando as palavras vazias e a fuga cirúrgica a algumas questões, os números apresentados e o confronto entre pré e pós Chui Sai On são impressionantes. Pelo menos, sem contexto.

Investimentos públicos a duplicar em muitos sectores, com particular destaque para os apoios sociais. Mas em momento nenhum se mencionou que no início do primeiro mandato de Chui Sai On, abria o Strip do Cotai, que tornou Macau no território do mundo com maior volume de receitas de jogo.

A mina fiscal que nasceu das águas para ser o solo mais fértil em termos de jogo é a razão destes números. Aliás, a ascensão progressiva de Macau ao topo dos PIB per capita do mundo não é um acidente, numa terra onde pouco ou nada se produz. Portanto, face a este contexto, não admira que o investimento público tenho aumentado exponencialmente. A inércia levaria a estes resultados, a governação em piloto-automático levaria a este resultado.

O que admira é que numa das cidades mais ricas do mundo não haja saneamento básico em condições, o tratamento de esgotos seja meramente simbólico (a maioria vai parar directamente ao rio) e a cidade esteja repleta de ratos. Isso, sim, é admirável. Também é impressionante o tempo que se demora para se fazerem obras importantíssimas para Macau, como o segundo hospital público, outro estabelecimento prisional, ou o Metro Ligeiro. Enfim, todas estas questões foram deixadas de fora, ou abordadas com a leviandade de “opá, não me chateiem, estas coisas demoram, há processos, procedimentos e processamentos que emperram esta coisa”.

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