VozesRacismo na UM João Santos Filipe - 28 Out 2019 [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau tem cada vez mais uma relação complicada com a comunidade portuguesa. Apesar dos muitos eventos de fachada que organiza, há vários aspectos em que simplesmente recusa aceitar a cultura de Macau. Um desses aspectos é o facto dos press releases saírem sempre em chinês tradicional e inglês. A versão portuguesa só surge em eventos muito específicos relacionados com a própria língua, ou então muito mais tarde. Quando o novo reitor assumiu o cargo disse que ia dar importância à língua portuguesa. Foi discurso para português ouvir, que não teve qualquer seguimento. Mas o mais grave foi o ataque à comunidade que passou com toda a impunidade. Internamente não houve uma única reacção às palavras do professor que basicamente disse que os “brancos” são um obstáculo e ameaçam a soberania de Macau. Pouco interessa se esses “brancos” são locais, se viveram toda a vida em Macau, ao contrário do professor. São “brancos” e por isso são maus, são o inimigo. O que choca é que ninguém com responsabilidades na UM tenha tomado uma posição de força. Não se pede a demissão do professor, mas deveria ter havido uma reprimenda pública, porque o racismo, de qualquer tipo, não devia ser tolerado. O lado positivo deste caso é que permitiu perceber melhor a deputada Agnes Lam. É uma pessoa simpática, prestável, mas alguém a viu a defender macaenses ou portugueses? É tudo muito bonito na altura das eleições, mas depois…