Crucificados pelo sistema

[dropcap]E[/dropcap]xistem, pelo menos, duas versões bem diferentes do princípio “Um País, Dois Sistemas”. Diria que são mesmo antagónicas. O tema voltou a ocupar-me a mente depois de ontem publicarmos uma notícia sobre a tensão entre liberdade académica e a frágil sensibilidade dos estudantes chineses para enfrentar realidades políticas que firam o amor patriótico.

Argumentou-se que “exageros” de liberdade académica não podem atropelar “Um País, Dois Sistemas”. Não é a primeira vez que vejo esta confusão com o princípio “Uma só China”. A existência de dois sistemas deveria pressupor exactamente o contrário. Deveria garantir liberdade para falar a verdade, sem medo de ferir sensibilidades patrióticas que não aguentam qualquer tipo de vestígio crítico, nem que seja a simples e crua natureza da factualidade.

Aliás, não deixa de ser irónico que estudantes do Interior da China venham para Macau atacar as especificidades de um território que deveria ter um “elevado grau de autonomia”. Se preferem o conforto ideológico ao conhecimento, porque vieram para cá? Este caso é apenas mais um exemplo do avançado estado de diluição da essência de Macau. Apesar dos discursos políticos repetirem os mantras do costume.

E depois querem que Taiwan embarque nesta mais que óbvia impostura, querem que caiam em cima da espada quando podem ler exactamente o que se passa, quando podem olhar para a diluição avançada do segundo sistema. Perdoem-me o título a puxar a Ratos de Porão, veia punk anda a palpitar forte. Para quem não sabe do que estou a falar, não há aqui nada para ver. Siga.

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