ANIMA | Associação em dificuldades aguarda verbas da Fundação Macau

A ANIMA cortou “drasticamente” nas suas actividades, mas nem consegue pagar o arranjo do ar condicionado do edifício do Altinho de Ká Hó, por falta de verbas. Chui Sai On contactou a associação para saber de quanto precisava e reuniu com a Fundação Macau para acorrer à situação crítica da associação. Até hoje, o problema continua por resolver

 

[dropcap]O[/dropcap] início do ano, até ao fim do primeiro semestre, são tradicionalmente tempos críticos para a saúde financeira da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA).

Este ano, a situação é ainda mais grave tendo em conta a longa e dispendiosa batalha para resolver o problema do Canídromo, que acabou por monopolizar todos os esforços da associação, que havia previsto levar a cabo uma campanha para angariar um milhão de patacas, iniciativa que não chegou a acontecer.

“Neste momento, existe o perigo de sobrevivência da ANIMA, todos os anos é um stress lutar para arranjar fundos para pagar a despesa no final do mês”, conta Albano Martins, presidente da ANIMA.

O Governo está a par das dificuldades que a associação atravessa. Aliás, Chui Sai On ligou a Albano Martins e “mostrou-se interessado em ajudar a ANIMA”. Como tal, o Chefe do Executivo terá dito que iria reunir com responsáveis da Fundação Macau de forma a disponibilizar os fundos de que a associação precisa. Segundo o HM apurou, a reunião terá acontecido na passada terça-feira.

Depois da intervenção de Chui Sain On, o presidente da ANIMA chegou mesmo a ser contactado pela Fundação Macau para ajustar o orçamento no lado da receita de 3.8 milhões de patacas para 5 milhões de patacas. O ajuste permite à associação equilibrar o seu orçamento e resolver o saldo negativo de cerca de 1.2 milhões de patacas.

Neste aspecto importa salientar, para referência, que no ano passado a ANIMA teve um orçamento de 10.8 milhões de patacas, sendo a participação da Fundação Macau de 3.8 milhões de patacas, apesar de a associação ter pedido 5 milhões de patacas.

“Não queremos, de modo algum, que o Governo nos financie tudo. Temos capacidade para angariar fundos. Mas, em regra, estamos aflitos no início do ano, até meio do ano. São os nossos tempos críticos”, conta Albano Martins. O activista e economista refere que, face aos períodos de aperto, foi pedido tanto este ano como no ano passado, a entrega dos fundos em Janeiro, até porque o orçamento terá sido aprovado pela fundação em Dezembro e por estar consagrado a entrega de metade da verba no início do ano.

Sufoco em Ká Hó

Face à falta de verbas para acorrer às inúmeras despesas, com os salários dos mais de 30 funcionários como prioridade, Albano Martins teve de se chegar à frente com as verbas necessárias. “Em Janeiro, lá tive de meter dinheiro. Tenho mais de um 1.2 milhões de patacas na ANIMA que já passei para donativos, porque não vale a pena. A ANIMA não tem hipótese nenhuma de pagar isso”, conta conformado.

A situação financeira da associação é de tal forma grave que, há seis dias, ficou sem ar condicionado no edifício Estrada do Altinho de Ká Hó, isto depois de há duas semanas ter abdicado do escritório que ocupava na Península por falta de meios e pessoal para o manter.

Os constrangimentos financeiros não deixaram opção à ANIMA, a não ser encolher o orçamento e, por conseguinte, “reduzir drasticamente a sua actividade”. Sem equacionar a hipótese de mexer nos custos com pessoal, a associação viu-se forçada a deixar de apoiar colónias de animais de rua ou a pagar esterilizações. Aliás, recentemente um deputado queixou-se do excesso de animais abandonados nas ruas de Macau. Para Albano Martins, a razão para esta realidade é simples. “Se a ANIMA não faz esse tipo de trabalho, porque não tem recursos, poucas outras associações irão fazer. Somos a única associação com espaço para esses animais”, explica o activista.

Drama pessoal

Outro dos problemas da ANIMA advém da imprevisibilidade de muitas despesas. Não são raras as vezes que a associação é chamada a resolver situações na sequência de contactos da polícia e bombeiros. “Há muita coisa que cai nos braços da ANIMA. Muitas vezes, as Obras Públicas recuperam terrenos e ligam-nos porque encontram lá cachorros”, explica o líder associativo.

Para Albano Martins, “a melhor maneira de resolver o problema das associações de utilidade pública é amarrar o orçamento de cada associação a um casino” e aproveitar a fase de concessão das novas licenças para o fazer. “Para um casino, 10 milhões de patacas não são nada”, remata.

Além dos dramas financeiros, o presidente da ANIMA enfrenta outro drama antigo: arranjar um substituto. Para conseguir a passagem tranquila de testemunho, Albano Martins precisa deixar a associação com estabilidade financeira.

“Desde a fundação da ANIMA, recusei sempre ser membro da direcção, para não pensarem que queria impor as minhas ideias. Só fui membro da direcção quando, em 2007, a presidente do conselho executivo da ANIMA apareceu no meu gabinete a dizer que já não aguentava ser presidente. Daí em diante, assumi a ANIMA na expectativa de arranjar um substituto. Mas nunca consegui. Esse é o meu drama”, confessa o activista.

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