Automobilismo | Piloto brasileiro à conquista da Ásia

[dropcap]O[/dropcap] Brasil goza de uma enorme tradição no desporto motorizado. Apelidos como Senna, Piquet ou Fittipaldi vão muito para além da esfera do próprio desporto. Não é estranho ver a bandeira brasileira nos autódromos por este mundo fora, mas curiosamente, essa presença neste ponto do globo é praticamente escassa e só não é nula porque um jovem, que um dia ficou conhecido na sua terra Natal por vender porta a porta cupões do seu patrocinador para ajudar a financiar a sua temporada desportiva, decidiu regressar aonde já foi feliz.

Bruno Carneiro, de 19 anos, decidiu apostar no continente asiático para prosseguir a sua carreira no automobilismo. Residente em Utah, nos EUA, Bruno Carneiro até nem é um novato nestas paragens. Em 2016 tornou-se o primeiro e único piloto brasileiro a vencer um campeonato de automobilismo na China.

A aventura asiática começou em 2015. “Os novos donos da pista Utah viram o meu sucesso, ao ter sido o campeão regional de monolugares em Utah, e convidaram-me para fazer a última etapa do Campeonato FIA da China de Fórmula 4 em Zhuhai. Depois de um pódio no meu primeiro fim-de-semana, viram que tinha potencial para vencer o campeonato e voltei para a temporada de 2016.

Acabamos vencendo o campeonato”, explica o jovem natural de São Paulo.

Depois de ter passado pelo Campeonato Japonês de Fórmula 3, onde terminou em 11º lugar em 2017, Bruno Carneiro fez apenas o primeiro evento de 2018 do mesmo campeonato, não tendo conseguido reunir os apoios necessários para continuar a competir no país do sol nascente.

Contudo, as relações que soube fomentar no sudeste asiático abriram-lhe novamente as portas para o continente.

“Graças às amizades e conexões que fui criando surgiu a oportunidade de trabalhar junto com a equipa Asia Racing Team (ART) no Campeonato de Asiático de Fórmula Renault e aqui estou novamente”, afirma o piloto que na prova de abertura de temporada, realizada no passado fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai, subiu ao pódio, após ter sido segundo classificado na primeira corrida.

Nova oportunidade

Sem grandes alternativas para prosseguir a sua carreira nos EUA ou de regressar ao Japão por agora, o jovem brasileiro encontrou na equipa fundada em Macau em 2003 uma nova oportunidade para relançar a sua carreira.

“Acho que correr no asiático de Fórmula Renault pode trazer-me muitas e novas oportunidades, ainda para mais junto com uma equipa que nem a ART, que tem muito sucesso relacionado”, realça Carneiro que pode ser o terceiro piloto lusófono a ter motivos para celebrar com a equipa por onde passaram os ex-pilotos de F1 Kamui Kobayashi ou Rio Haryanto.

O piloto português Rodolfo Ávila, agora ‘Team Manager’ da ART, foi vice-campeão asiático de Fórmula Renault em 2004 e o angolano, também ele residente em Macau, Luís Sá Silva, foi vice-campeão em 2009 defendendo as mesmas cores.

Por outro lado, “com um carro tão bom que nem o Fórmula Renault 2.0/13 é fácil mostrar o nosso valor e isso pode abrir portas no futuro, além de fortes resultados serem bons para colocar no currículo”.

Sonhar com Macau

Como qualquer piloto da sua idade, Bruno Carneiro também sonha um dia correr no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3. “Que sonho que é…”, reconhece. “Eu fui visitar a prova em 2016 e assistir à corrida de F3! É incrível e um sonho, sem dúvida.”

O objectivo este ano é mesmo tentar vencer o ceptro do asiático de Fórmula Renault, o que lhe poderá servir de rampa de lançamento para voos mais altos, mas, por agora, “vamos ver o que o futuro traz e se realmente aparece a oportunidade de poder correr num lugar tão histórico e incrível como o Circuito da Guia.” E como diria o poeta, o “sonho comanda a vida”…

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