Óscares | “Green Book” arrecada estatueta para melhor filme

“Green Book” de Peter Farrelly e “Roma” de Alfonso Cuarón foram os grandes vencedores da 91ª edição dos Óscares tendo cada um arrecadado três estatuetas. A interpretação da “rainha” no filme a “A Favorita” valeu a Olivia Colman o prémio para melhor actriz indo contra as expectativas que se centravam no desempenho de Glenn Close em “A mulher”. O melhor actor foi Rami Malek na interpretação de Freddie Mercury

[dropcap]A[/dropcap]maior surpresa da noite de Óscares foi a vitória de “Green Book” como melhor filme do ano, incluindo para o realizador Peter Farrelly, que “honestamente não esperava ganhar”, disse nas entrevistas de bastidores da cerimónia, em Hollywood.

“De certa forma bloqueei, como quando vejo uma partida de futebol e saio da sala se quero que a minha equipa marque”, comparou o cineasta. “Pensei em tudo menos vencer isto, e funcionou”.

As controvérsias em redor do filme, que se baseou na história verdadeira do pianista de jazz Donald Shirley, foram “desanimadoras” para os criadores, disse o produtor Jim Burke, mas não impediram a Academia de lhe atribuir três estatuetas em cinco nomeações, incluindo melhor filme, melhor argumento original e melhor actor secundário (Mahershala Ali).

A reacção nos bastidores foi de estranheza, mesmo não havendo um claro favorito nesta edição, e depois de “Roma” já ter vencido na categoria de melhor filme estrangeiro.

Apesar de Viggo Mortensen não ter ganhado a estatueta de melhor actor pelo seu papel como Tony Lip, em “Green Book”, Peter Farrelly atribuiu-lhe todo o mérito pelo Óscar de melhor filme, nos agradecimentos.

O cineasta disse nunca ter pensado na personagem interpretada por Mortensen como algo que hoje seria apoiante do Presidente Donald Trump com um boné a dizer “MAGA” (Make America Great Again” na cabeça.

“A mensagem é, falem uns com os outros e vão descobrir que têm muito em comum”, explicou Farrelly, dizendo que se trata de uma “mensagem de esperança”, e que “a única forma de resolver problemas é a falar”.

Recorde-se que “Black Panther”, “BlacKkKlansman – O infiltrado”, “Bohemian Rhapsody”, “A Favorita”, “Green Book – Um guia para a vida”, “Roma”, “Assim nasce uma estrela” e “Vice” eram os candidatos ao Óscar de melhor filme.

Outro grande vencedor da noite das estatuetas douradas foi o filme “Roma” de Alfonso Cuarón. O cineasta mexicano arrecadou o Óscar de melhor realizador e “Roma” foi também o vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro. A película, o primeiro filme produzido pela Netflix nomeado para os principais Óscares, já tinha ganho o Leão de Ouro do festival de Veneza, em Setembro do ano passado.

A vencedora favorita

Numa das vitórias mais inesperadas da noite, Olivia Colman ficou “sem saber o que fazer” quando recebeu o Óscar para melhor actriz pelo papel em “A Favorita”, disse à Lusa a actriz inglesa nas entrevistas dos bastidores da cerimónia.

“Não faço ideia, não consigo dizer o que estou a sentir”, afirmou a actriz, que não esperava vencer numa categoria onde também estava nomeada Glenn Close e sugerindo que, “no próximo ano, talvez consiga fazê-lo”.

Olivia Colman admitiu que ficou atrapalhada durante o discurso de aceitação do Óscar e que não percebe “como é que alguém mantém a compostura” e se lembra do que dizer, “porque é uma situação muito estranha”.

A actriz, que também protagonizou a série policial “Broadchurch”, atribuiu a vitória à qualidade do argumento.

“Sem os escritores, sem palavras, estamos apenas a tropeçar por ali”, disse à Lusa, considerando que se o argumento é bom, tem tudo o que é preciso para ter sucesso.

“A Favorita” era, a par de “Roma”, o filme mais nomeado da 91.ª edição dos prémios da Academia, com dez indicações, tendo vencido apenas nesta categoria.

O campeão

O desempenho de Rami Malek como Freddie Mercury, dos Queen, em “Bohemian Rhapsody”, foi distinguido com o Óscar de melhor actor, numa categoria onde estavam ainda nomeados Christian Bale, por “Vice”, Bradley Cooper, por “Assim nasce uma estrela”, Willem Dafoe, por “À porta da eternidade” e Viggo Mortensen, por “Green Book – Um guia para a vida”.

O prémio para melhor actriz secundária foi para Regina King, no filme “Se esta rua falasse”. “Free Solo” arrecadou o galardão de melhor documentário, “Homem-Aranha: No Universo Aranha” foi melhor filme de animação, e “Bao”, melhor curta-metragem de animação. “Black Panther” venceu na categoria de melhor cenografia e melhor guarda-roupa e “Bohemian Rhapsody” foi também premiado pela montagem, montagem de som e mistura de som. “Vice” foi o vencedor da melhor caracterização, e “O primeiro homem na Lua”, pelos melhores efeitos visuais.

Outro grande vencedor da noite das estatuetas douradas foi o filme “Roma” de Alfonso Cuarón. O cineasta mexicano arrecadou o Óscar de melhor realizador e “Roma” foi também o vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro

Representação lusa

O documentário “Free Solo”, de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, produzido pela National Geographic, conta com dois portugueses, Joana Niza Braga e Nuno Bento, na equipa de som. “Free Solo”, que se estreia a 17 de Março no National Geographic, acompanha o alpinista norte-americano Alex Honnold numa escalada de 900 metros, sem cordas ou protecções, na parede de granito El Capitan, no Parque de Yosemite (Estados Unidos). O português Nuno Bento já foi distinguido nos prémios norte-americanos Golden Reel, pelo trabalho de edição de som neste documentário e Joana Niza Braga, “foley mixer” no filme, foi distinguida no fim-de-semana passado noutros prémios específicos para montagem de som: os norte-americanos Cinema Audio Society Awards.

 

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