h | Artes, Letras e IdeiasLojas dos trezentos Amélia Vieira - 26 Fev 2019 [dropcap]C[/dropcap]omeçou por ser no fim do século vinte a mais acessível fixação para o mercado oriental a Ocidente, não escudando – ainda em escudo – uma invasão há muito predestinada para o escoamento dos produtos mais baratos e descartáveis, a superabundância de uma estrutura capitalista vinda da China ascensional. As lojas têm topos fixáveis, as maçónicas, definem os graus pela iniciação, as origens, essas, são como as raízes, tornando-se por isso, invisíveis. Os Trezentos! Quem são, onde moram? – Treze, o número daqueles que escolhem os membros, sentados em mesas nas ceias de Hotel. – Aqui chegados, o ensaio fortemente polémico de Pessoa esclarece numa cadência também ela repleta de fórmulas herméticas (umas mais do que outras) a não arbitrariedade da vida que nos fora afinal dada viver: há planos que seguram outros como fios de aranha cujas reuniões, foram, e continuam a ser, nos “castelos” dos Condes Drácula. Debruçado sempre no mito civilizacional da Europa constatamos do propósito de uma acção secreta que rompe paulatinamente com a herança grega e prepara terrenos móveis para aplicar medidas em todas as frentes da organização social. Dito assim, será mais explícita a frase profética: «perdido todo o sentimento de harmonia, o europeu, não sabe como agir sobre dois bandos de loucos, opondo-se furiosamente, mas falsamente, parecendo obscuramente combinados para a ruína da civilização». Estamos assim, perante uma noção de crises estipuladas e fabricadas, cujas razões ficam muito além da vociferação geral. Das vagas de governos (não tantas quanto as marés) fica-nos a sensação da estratégica escolha, um teatro de marionetes que se suborna bem pela vaidade e através do culto do muito pagão bezerro de oiro, mas que em suas várias facetas também não passam de vítimas minoritárias. Em tudo isto devemos no entanto ser audazes, a «bússola» por onde nos norteamos deve no entanto estar limpa para não encorpar a demencial teoria da conspiração que é retábulo de insanidade, também ela programável, que tende a desintegrar de dentro para fora, de modo a ficar-se pouco reactivo frente a um momento de grande impacto. Creio, e não é nada de imponderável, que estamos neste instante a passar por aqui com a grande avalanche de informação que perdura nas consciências o módico tempo de vinte e quatro horas. Mas os Trezentos no primeiro impacto mercantil, quando a mercadoria era muita e a preços módicos, entreteve bem o mercado e fez do próprio lixo um motivo de prazer. A «estrutura e a resistência dos materiais» que são os povos, aguenta quase tudo, pois que sempre carregam fardos que equilibram as secretas reuniões que lhes ditam e lhes fornecem o apreço. Aproximando a realidade ao conceito, ou a uma supra realidade, acorre perguntar sempre: quem são os Trezentos? E diz assim: «A nós e feita a pergunta, logo nos ocorre que a sua origem seja oriental, “nós” era um deles, Walther Rathenau (alemão, fim do século dezanove) acrescentando «A Europa é governada por trezentos homens». “Cozinhavam” já o fascismo, e acrescentaram: «o fascismo não vai ser de raiz espiritual, cairá com facilidade, deixando de si apenas um fermento revolucionário cuja desordem aproveita mais do que desconvém». Quem nos conversa com tanta certeza no meio do olho do vulcão tem diálogos amenos, consensos fáceis, pois que um mundo repartido por tão poucos fará naturalmente belas camaradagens. E diz que é comum a fila dos que se aprumam para entrar, sendo ao que parece “monitorizados” consoante a sua utilidade. Felizes, por irem até ao altar do Minotauro, muitos não passam das escadas e crêem estar ao colo da Organização. Deve ter escadas como as do sonho de Jacob! Entram descalços e saem ministros, coisas que bem pensadas, só com silêncio se sabem fazer, nada existindo aqui de aparente maleficio face à utilização de personagens com ambições ascensionais. Cairão no entanto, finda a sua utilidade, e muitos serão repasto ainda para as feras. Este é o número de uma das Centúrias, e a descrevê-lo, é melhor então que entre subliminarmente pela tralha, que por jazidas de ouro, o que levantaria certamente suspeições. Diz servirem-se do baixo judaísmo mais do que dos degenerados europeus, dado que o judaísmo é uma organização universal e a candência da Europa um conjunto amorfo de sociedades, numa similitude: tal como o judaísmo se infiltrou na Maçonaria para operar na sombra, assim os Trezentos se servem do judaísmo de baixa natureza para operar na treva. Estamos talvez em presença de grandes universos paralelos que se entrosam muito bem, mas saibamos então clarificar um pouco este instante: as dores fantasmas de que sofre agora a Europa são naturais ou implantadas? Os membros arrancados querem crescer de novo… batráquios com memória aquática? Que preparam para breve, e agora sim; quais são para eles, e para nós, as consequências? As castas foram abolidas, mas os grupos são perenes. Talvez tenhamos uma data-chave ao trecentésimo dia do Ano que incidirá a 28 de Outubro o que resumidamente foi sempre apelidada de data estranha: o nascimento de Adão! Muito bem mencionado, aliás, até num conto de Eça de Queiroz. Se as peças parecerem soltas, podemos invocar um alto dignitário, também ele invisível, que nos ajude a decifrar melhor o que sentimos estar para já a acontecer. Tardámos a recuperar lucidez mas não estamos ainda mortos, e muito longe de pedir audiência a um canal tão estreito, por ora basta-nos o sabermos que existe. Talvez seja a próxima função poética, o salvar da penumbra a sua deidade adormecida e colocar tão vilipendiado mérito a desocultar as inquietantes manobras de verdadeiros Estados insuspeitos para a cega marcha dos povos. A razão fabrica-se, não sendo uma condição natural.