Exposição | Fotografia no feminino na Galeria At Light até 21 de Agosto

Arte no feminino é a série que apresenta as exposições de fotografia “Light Elegance” e “Slender Grace”, resultado da criatividade de Bella Tam e Pui Cheng respectivamente. A exposição conjunta está patente na Galeria At Light até 21 de Agosto

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a curadoria de Si Wun Cheng, as exposições “Light Elegance” e “Slender Grace” integram a série “Arte no Feminino” que pretende trazer ao público obras fotográficas centradas na mulher, enquanto artista e objecto.

“Light Elegance” foi o nome inspirado nas componentes do carácter chinês que remete para o conceito de elegância. “O carácter é constituído pelo radical de mulher e remete para este conceito”, começa por explicar a curadora Si Wun Cheng ao HM. Adepta de trabalhos que abordem naturezas mortas, a fotógrafa Bella Tam desenvolveu as imagens presentes na exposição a partir do contacto com plantas. “Sempre gostei de trabalhar com objectos inanimados como flores, comida, coisas desse género”, conta ao HM. São estes objectos, em especial as plantas, que transportam a artista para o próprio corpo da mulher, até porque nelas vê um sistema orgânico muito semelhante ao humano. “Às vezes compro flores que coloco no meu quarto. Com a presença constante delas, ali, acabam por de alguma forma se transformar em seres orgânicos, como os corpos humanos”, diz.

Para Tam, plantas e pessoas mesclam-se e é nesta mistura, que pode “parecer ambígua, que colidem e entram em simbiose” que a fotógrafa tenta captar em imagem. “Este é o meu ponto de partida e o que está aqui é o resultado do que faço desde o primeiro dia em que comecei a fotografar”, revela.

Contra o preconceito

Já Pui Cheng resolveu juntar a força de uma imagem com a sua delicadeza ao mesmo tempo que explora o tema da vergonha do corpo feminino. “Através da exploração do corpo e das suas formas estamos a fazer uma espécie de afirmação”, conta. Para a fotógrafa ainda existe algum pudor quando se fala em abordar o corpo, algo que pretende combater. “Não temos de nos envergonhar do nosso corpo. Com estas obras quis fazer um regresso ao despudor e à normalidade do corpo humano”, diz.

Por outro lado, nas imagens que alternam partes de corpos, flores e construções em cimento, Cheng dá a conhecer os elementos que a inspiram. “Sempre fui fascinada pelo ordinário e pelo vulgar, pelas coisas por que passamos todos os dias”, aponta. É aqui que também se inclui o que os homens fazem e constroem. A fotógrafa gosta de “explorar a vida que nasce daquilo que é feito por mão humana, o que nasce em paredes, muros ou edifícios”. Para a artista é na contraposição entre a “morte” destas construções e a possibilidade de nelas nascer a vida que gira todo o seu processo criativo.

Dois em um

O resultado das criações de Bella Tam e Pui Cheng é uma complementaridade de trabalhos que mais parece terem sido feitos em paralelo e em constante comunicação. Mas isso não aconteceu. Tam e Cheng, apesar de amigas desenvolveram estes projectos sem partilhar o que faziam. Preferiram “que os trabalhos, no final falassem por si”, revelou a curadora. “E foi surpreendente perceber como se complementavam, como interagiam e como pareciam ter sido feitos por uma só pessoa”, referiu.

Para Si Wun Cheng, a série “Arte no Feminino” é um passo importante para a formação da fotografia feita por mulheres. Segundo a curadora, “estas iniciativas são especialmente importantes na medida em que em Macau as pessoas estão cientes de que a arte existe, no entanto não a conhecem”, refere.

Paralelamente, existe a ideia de que arte é a clássica, e “que as obras de arte são apenas as que obedecem a conceitos também clássicos, sendo a pintura o seu maior expoente”, completa. Cheng lamente que a fotografia, enquanto plataforma de expressão recente, seja ainda passada para segundo plano. O objectivo desta exposição é fazer com que as pessoas olhem para a fotografia de outra forma e divulgar o que anda a ser feito por mulheres fotógrafas de Macau.

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