Morreu o realizador Claude Lanzmann aos 92 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] realizador francês Claude Lanzmann, cujo nome será sempre associado ao documentário de nove horas “Shoah” (palavra hebraica para “catástrofe”), morreu esta quinta-feira aos 92 anos, em Paris, revelou o jornal Le Monde.

O vespertino francês classificou-o como “um cineasta maior, um dos que marcarão para sempre a história do cinema, mas foi também escritor, jornalista, filósofo, diretor [da revista] Temps Modernes, amigo de Sartre, companheiro de Simone de Beauvoir”.

“Morrer não tem nada de grande. É o fim da possibilidade de ser grande, pelo contrário. A impossibilidade de toda a possibilidade”, afirmou ao Le Monde em 2015, quando assinalou 90 anos de vida.

Lanzmann nasceu na capital francesa em 27 de novembro de 1925, no seio de uma família secular judaica, que assistiu à chegada ao poder de Adolf Hitler na vizinha Alemanha. Segundo a biografia disponibilizada pela Enciclopédia Britânica, toda a sua família sobreviveu à Segunda Guerra Mundial.

Membro da Resistência, foi estudar filosofia para a cidade alemã de Tubinga após o final do conflito e começou a dar aulas na Universidade Livre de Berlim, onde se iniciou no jornalismo para o Le Monde.

Lanzmann realizou uma série de filmes sobre Israel e o Holocausto, sendo o mais famoso destes o documentário “Shoah” (1985), que lhe tomou 11 anos da vida.

Questionado sobre a relação de Israel com a violência, dado o passado do povo judeu e no contexto do filme que realizou sobre o exército israelita – de nome “Tsahal” –, Lanzmann respondeu a um jornalista britânico que “há verdadeira integridade neste exército”, sem que se tratasse “apenas da sobrevivência de Israel, mas sim da singularidade do destino do país”. E da noção de que o conflito “não tem fim à vista”.

Em sequência nesta conversa, Lanzmann pergunta ao jornalista se ele era contra o estado de Israel, dando o exemplo do pianista e maestro israelo-argentino Daniel Barenboim, “que é contra o estado de Israel”.

Vencedor de um Urso de Ouro honorário em Berlim, em 2013, e de um prémio César honorário, em 1986, Lanzmann venceu vários outros galardões com “Shoah”, que dizia ser a palavra adequada para o que se chama Holocausto.

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