Elvis Mok, calígrafo e poeta | O artesão da escrita

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]icenciado em língua chinesa pela Universidade de Macau, Elvis Mok, de 36 anos de idade, é professor da caligrafia. A paixão surgiu por influência da família, revelou ao HM, especialmente porque o pai era professor de chinês. No entanto, a dedicação a esta arte só apareceu quando entrou na universidade. “No início não gostava muito de caligrafia chinesa, e só quando fui para a universidade é que me apercebi da importância de escrever os caracteres com exactidão”, contou.

As obras de caligrafia de Elvis Mok podem ser encontradas no “Tealosophy Tea Bar”, loja em que o menu é escrito pelo calígrafo e os copos de papel são ilustrados com um poema da sua autoria. A parceria com este estabelecimento foi motivada pela amizade entre Mok e o proprietário que nasceu de um interesse comum por cultura chinesa, há cerca de oito anos. Quando o amigo decidiu abrir uma loja de bebidas convidou Mok para escrever o menu. A poesia é outra das suas paixões apoiada pelo “Tealosophy Tea Bar” com a divulgação da colecção de poemas “A Cultura é Vida” que Kok usa para levar as suas mensagens aos clientes daquele estabelecimento.

Ensinar a escrever

Elvis Mok é também o fundador do Centro de Educação de Artes Hon Mak. Neste centro, lecciona cursos de caligrafia chinesa, enquanto a irmã, parceira neste projecto, é professora de pintura.

A ideia de criar o Centro de Educação de Artes Hon Mak foi concretizada após Mok ter deixado as suas funções de professor do ensino secundário, há três anos. No centro, o mestre dos caracteres ensina crianças, mas também adultos que na sua maioria são professores.

Para Elvis Mok muitos professores de chinês de escolas secundárias, apesar de não serem profissionais na arte da caligrafia, precisam de ensinar os alunos como escrever correctamente. Para isso, o calígrafo, nos cursos destinados aos professores, tem especial atenção no ensino da técnica.

O número de interessados em frequentar estes curso têm excedido as expectativas de Mok. A razão, referiu, tem que ver com a atitude dos pais das crianças que estão atentos ao desenvolvimento das capacidades de escrita na escola e fazem questão que os filhos escrevam os caracteres chineses com exactidão.

O professor considera ainda que o ensino da caligrafia é fundamental por poder potencializar o estudo em geral e por ser um bom instrumento para promover a capacidade de coordenação visual e manual das crianças.

Elvis Mok reconhece que a arte da caligrafia chinesa está cada vez mais distante da população, mas ainda está muito ligada à vida quotidiana das pessoas. Mok olha para o futuro com esperança, mas também com algum receio quanto ao avanço tecnológico e a sua repercussão nas formas mais tradicionais de escrita. “Se os estudantes nas escolas usarem o Ipad para escrever os trabalhos de casa relativos à caligrafia, será terrível”, diz.

Elvis Mok é também presidente da Associação de Poetas de Macau Outro Céu, uma plataforma criada em 2002 para se reunir os poetas locais. Um outro objectivo desta entidade é conseguir angariar fundos para publicar colectâneas dos trabalhos produzidos pelos seus associados. “Em Macau há poucas publicações locais, ou seja, muitas pessoas escrevem poemas mas as obras não são divulgadas por não existir uma editora que o faça”, disse Elvis Mok. O resultado é que alguns dos poetas locais acabam por recorrer a este tipo de serviço no exterior. Por outro lado, Mok considera que, mesmo que existam obras publicadas no território, há outros obstáculos a superar, como a falta de leitores.

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