“Manbiki Kazoku” do japonês Kore-Eda venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “Manbiki Kazoku”, do japonês Kore-Eda, venceu a Palma de Ouro da 71.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, cujo júri é presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, foi anunciado.

“Manbiki Kazoku”, a primeira Palma de Ouro japonesa desde 1997 (ano em que foi distinguido “A enguia”, de Shohei Imamura), conta a história de uma família que vive de roubos em lojas e acolhe uma menina vítima de abusos.

O júri, que além de Cate Blanchett inclui, entre outros, as atrizes Kristen Stewart e Léa Seydoux, decidiu atribuir o Grande Prémio a “BlacKkKlasman”, do norte-americano Spike Lee.

Em “BlacKkKlansman”, filme passado na década de 1970, o realizador aborda temas como o racismo e a extrema-direita e termina com imagens dos confrontos de agosto do ano passado em Charlotesville, no estado norte-americano da Virginia, entre nacionalistas brancos e antifascistas.

A Palma de Ouro especial foi atribuída ao cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, que estava em competição pela Palma de Ouro com o filme “Le livre d’image”, e o prémio de Melhor Realizador ao polaco Pawel Pawlikowski por “Cold War”.

O prémio de melhor ator foi para o italiano Marcello Fonte (pelo papel que interpreta em “Dogman”, de Matteo Garrone) e o de melhor atriz para a cazaque Samal Esljamova (“Ayka”, de Sergueï Dvortsevoï).

O Festival de Cinema de Cannes contou este ano com vários filmes portugueses, nomeadamente “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, distinguido com o Grande Prémio da Semana da Crítica, e o documentário “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, que conquistou o prémio especial do júri da secção ‘Un Certain Regard’, onde foi estreado.

Na Semana da Crítica esteve também a curta-metragem “Amor, Avenidas Novas”, de Duarte Coimbra.

No programa dedicado aos clássicos, foi exibida uma versão restaurada de “A ilha dos amores”, de Paulo Rocha, e, fora de competição, estreou-se “O grande circo místico”, do realizador brasileiro Cacá Diegues, rodado em Portugal.

A 71.ª edição do Festival de Cinema de Cannes encerra hoje com a estreia mundial de “O homem que matou D. Quixote”, de Terry Gilliam.

Ainda com um processo judicial em curso, Terry Gilliam terá agora oportunidade de mostrar no grande ecrã um projeto que o acompanha há quase trinta anos, numa adaptação livre do romance “D. Quixote de la Mancha”, de Miguel Cervantes.

“O homem que matou Dom Quixote” é um projeto antigo de Terry Gilliam, que remonta a 1989 e cuja produção sofreu sucessivos solavancos e interrupções, com problemas com elenco e com financiamento, sendo descrito pela imprensa especializada como um filme amaldiçoado.

Palmarés da 71.ª edição do Festival de Cinema de Cannes

Palma de Ouro: “Manbiki Kazoku”, de Hirokazu Kore-Eda

Grande Prémio: “BlacKkKlansman”, de Spike Lee

Prémio do júri: “Capharnaüm”, de Nadine Labaki

Palma de Ouro especial: Jean-Luc Godard

Prémio de Melhor Realizador: Pawel Pawlikowski, “Cold War”

Prémio de Melhor Argumento (ex-aequo): Alice Rohrwacher, “Lazzaro Felice” e Jafar Panahi e Nader Saeivar, “Trois visages”

Melhor Atriz: Samal Esljamova, “Ayka”

Melhor Ator: Marcello Fonte, “Dogman”

Câmara de Ouro: “Girl”, de Lukas Dhont

Palma de Ouro de curta-metragem: “All these creatures”, Charles Williams

Menção especial em curta-metragem: “Yan Bian Shao”, Wei Shujun

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