EventosA refutação de Ai Weiwei patente até 30 de Abril em Hong Kong Sofia Margarida Mota - 20 Abr 201824 Abr 2018 “Refutation” é o trabalho de Ai Weiwei que pode ser visto na galeria Tang Art, em Hong Kong, até 30 de Abril. A segunda mostra do artista chinês na região vizinha espelha o resultado do trabalho que Ai desenvolveu depois de sair da China em 2015, e de se ter juntado na Grécia na recepção dos refugiados sírios. O tema dos refugiados não é um assunto novo para o artista, que se considera também um refugiado desde que nasceu [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]epois de estrear em Hong Kong pela primeira vez em 2015, o artista dissidente chinês Ai Weiwei está de volta com a exposição individual “Refutation”. A mostra pode ser vista na Tang Art até 30 de Abril. O conjunto de trabalhos que o artista apresenta são a sua interpretação da crise de refugiados sírios. De acordo com a Time Out, trata-se de “um lembrete poderoso e oportuno acerca da capacidade da arte em levantar questões sociopolíticas”. “A arte, ao levantar questões, desafia nosso senso de consciência e julgamento e iniciamos o envolvimento e a acção”, refere em entrevista à mesma fonte. O autor considera ainda que a preparação que teve para esta obra vem desde que nasceu. “Nasci, o meu pai foi exilado e eu cresci longe de qualquer lugar que se possa chamar de lar”, lê-se. À escala global É também nesta condição que estão mais de 65 milhões de pessoas por todo o mundo, depois de terem sido forçadas a deixar as suas casas. Um povo com quem o artista se identifica. É de salientar que Ai esteve detido sem passaporte no seu próprio país até 2015. Depois de poder voltar a viajar, foi para a Alemanha e não tem intenções de regressar, pelo menos tão cedo, permanecendo numa posição de exilado. Para o artista, apesar de ter tido um contacto maior com a situação de quem foge da Síria para a Europa, o problema dos refugidos é um problema global, “da Terra em geral”. “Este planeta tem criado uma enorme quantidade de discriminações brutais e de violações dos direitos humanos básicos”, aponta. As instalações de Ai Weiwei são conhecidas pela utilização de diversos materiais. Esta não é excepção. De acordo com o dissidente, há que ultrapassar os conceitos tradicionais de materiais, até porque “a arte tradicional está morta e usa uma linguagem velha”. Para o artista, depois da Revolução Industrial e com a Internet, “qualquer material pode ser considerado para a produção se obras”. E é isso que faz. Arte sem escala “Refutation” não é excepção. A mostra destaca um barco em polyester cheio de pessoas a ir contra uma parede. Tudo à escala humana para uma melhor imersão no universo de um dos mais considerados artistas internacionais. Para o artista, não há dimensão que limite o seu trabalho. Prestes a inaugurar em Sidney uma exposição que conta com uma escultura de 60 metros que representa um barco insuflável, Ai refere o seu maior gosto é “fazer trabalhos que não têm limites, onde nenhuma medida restringe as obras”. Quanto muito, é a escala humana que impõe alguma medida às dimensões da sua criatividade.